14 março 2014

É que as vezes o tempo passa e quando vemos tudo passou..
É que as vezes aparecem pessoas incriveis em nossas vidas e nos afastamos mesmo sem motivos
É que as vezes as pessoas passam ater diferentes perspectivas e podem enxergar aqueles que amam de maneira conturbada
É que as vezes nos tornamos hipócritas, mesquinhos, egoístas, egocentricos, arrogantes..

E ISSO NOS TOMA DE TAL MANEIRA QUE NÃO PODEMOS VER


.......
E ASSIM.. COISAS IMPORTANTES VÃO FICANDO PARA TRÁS.

22 fevereiro 2014

Entre o Sonhar e o Sobreviver

O sentimento de indignação que nos corroe por dentro é o que nos dá forças para seguir em frente nesse mundo de injustiças.
Um sistema engendrado que não permite e não admite falhas.
A insatisfação e a revolta gritam no peito.

Aah como gostaria de viver em um mundo em que esses sentietos não existissem...
Aah como gostaria de apenas viver os sonhos

Como gostaria de apenas acordar, ouvir os passáros cantando, preparar um bela alimento e me embriagar
Me embriagar da natural, me embriagar dos prazeres, do corpo, da alma, da mente e do  espírito...

Querer e não poder

E ela foi embora...

Entendendo tudo e não entendendo nada.

Repousou em seu travesseiro, desejando ao menos um beijo e nada mais.

13 junho 2013

...

O mundo,
esse tão grandioso mundo
com bilhões de pessoas
se encontra em um verdadeiro caos.
Escravizam, militarizam
nossos corpos e almas.
E eu
Apenas um ser subjetivo
entre tantos bilhões
estou aqui.
tentando ser
tentando existir
tentando resistir
as normas pre-estabelecidas
criadas por outros seres

No meio dessa confusão
Te encontro
como um refúgio
por criação
minha, nossa, ou de fato
se torna meu porto

E assim
em qualquer lugar
em qualquer espaço
com vc ao lado
Posso me sentir eu!

23 junho 2012

Vivemos ou não em uma democracia?



Os fatos ocorridos entre os dias 14 e 15 de junho com os estudantes da Unifesp Guarulhos trazem à tona a seguinte questão: estamos na Síria ou no Brasil? Uma estudante grita e se manifesta,  expressa suas ideias, e por isso é  tratada com truculência pela polícia do Estado. Após ver os vídeos  postados, fica nítido que a polícia que ali estava não deveria ter tomado tal atitude. Vi e conversei com o estudante que tomou um tiro de borracha no rosto (bem próximo ao olho – levou 10 pontos), um jovem educado, que veio do Nordeste para receber o  resultado de sua prova de mestrado. Os 22 estudantes da Unifesp Guarulhos presos nos cárceres da Polícia Federal de São Paulo são jovens que passaram por um processo seletivo legítimo criado pelo MEC. São jovens esforçados, dedicados aos estudos, senão não estariam matriculados em uma Universidade a cujo acesso só ocorre se o aluno obtiver notas altas no ENEM. Mas a culpa daqueles policiais estarem no interior de uma Universidade Federal para conter a manifestação legítima de estudantes brasileiros que supostamente vivem em uma democracia não é da polícia, mas, sobretudo, de quem chamou a polícia para estudantes como quem chama para bandidos.
Que justiça há em acusar estudantes que lutam por uma Universidade Pública Federal  de qualidade  de formação de quadrilha e cárcere privado de professores e funcionários da instituição em que estudam? Se há uma greve dos professores das Universidades Federais por melhores condições de trabalho, então os alunos da Unifesp Guarulhos só estão dando a voz dos estudantes para uma questão que já está dada: as universidades federais não estão cumprindo sua função adequadamente. Se as universidades estivessem a contento, os alunos estariam em suas salas de aula (não nas salas de aula do CEU como ocorre  na Unifesp Guarulhos).
E quanto à moradia de  estudantes? É construída uma Universidade na periferia de Guarulhos (região metropolitana de São Paulo) e não há moradia para os estudantes? Bem… se nem mesmo  há salas de aula suficientes, seria uma extravagância pedir moradia para os estudantes. Mas obras em estádios há… Copa do Mundo, Olimpíadas…
Os 22 estudantes presos na noite de 14 de junho não deveriam estar nos cárceres da Polícia Federal, deveriam estar em suas salas de aula, com professores bem pagos e em um ambiente com boa condição de ensino-aprendizagem. Os 22 jovens estudantes que dormiram nos cárceres da Polícia Federal em São Paulo, deveriam estar em seus dormitórios, protegidos pela Universidade Federal que pretende formar os jovens que estão construindo o Brasil Para Todos os Brasileiros.
Se estudantes são presos por pedirem seus direitos, em nosso país não há democracia, há tirania.
Espero que as acusações feitas contras os 22 estudantes da Unifesp Guarulhos presos na noite de 14 de junho sejam retiradas, caso contrário estaremos presenciando mais um ato de autoritarismo aos moldes do que estamos assistindo no mundo árabe.
Viva a liberdade de expressão.
Regina Moranga
Professora de Literatura e Redação

FONTE:  http://greveunifesp.wordpress.com/2012/06/22/vivemos-ou-nao-em-uma-democracia/

22 junho 2012

Manifesto do Professores em Greve!


Retirado do Site da ANDES - SN ( http://www.andes.org.br:8080/andes/print-ultimas-noticias.andes?id=5431).


As entidades do setor da educação federal em greve (ANDES-SN, Sinasefe e Fasubra) lançaram na tarde desta quarta-feira (20), na Câmara dos Deputados, o “Manifesto à População”, em que explicam as razões da atual greve nas instituições federais. Diante de avaliações sobre o significado histórico da convergência entre os trabalhadores na educação federal e estudantes, durante o ato foi constituida uma coordenação nacional entre os Comandos de Greve da Educação e firmado compromisso de articular uma agenda comum de atividades, já definindo que na próxima quinta-feira (28), as entidades realizaram ato sem frente aos prédios do Banco Central nas Capitais, para denunciar a política do governo, que menospreza investimentos em políticas públicas, como educação, para priorizar o pagamento de juros.

MANIFESTO À POPULAÇÃO
A defesa do ensino público, gratuito e de qualidade expressa uma exigência da população brasileira, que há tempos clama por serviços públicos de qualidade e é também parte essencial da história dos movimentos sociais ligados à educação. Vale lembrar que educação, saúde, segurança, transporte, entre outros, são direitos de todos e dever do Estado.
Nas últimas semanas, professores, técnico-administrativos e estudantes das Instituições Federais de Ensino voltaram às ruas para cobrar dos governantes que cumpram seu papel e dediquem atenção, de fato, às reais demandas sociais. Os trabalhadores da educação federal e estudantes estão em greve, porque estão conscientes de que é imprescindível lutar em defesa das Instituições Federais de Ensino. As negociações com o governo não avançam. No entanto, crescem a degradação das condições de trabalho, ensino e a deterioração da infraestrutura oferecida nas universidades, institutos e centros tecnológicos federais. Os professores, técnicos e estudantes defendem sim uma expansão, desde que exista qualidade. 
Não adianta criar novas instituições sem oferecer as condições satisfatórias para que elas funcionem. A realidade vivenciada pelos professores, técnicos e estudantes é muito diferente do que divulga a propaganda oficial do governo federal. A cada começo de ano fica mais evidente a precariedade de várias instituições federais de ensino, principalmente naquelas em que ocorreu a expansão via Reuni.
Faltam salas de aula, laboratórios, restaurantes estudantis, bibliotecas, banheiros, saneamento básico e em alguns lugares até papel higiênico. Ninguém deveria ser submetido a trabalhar, a ensinar e aprender num ambiente assim. 
Além disso, é necessário também oferecer um plano de carreira, que valorize os professores 
e técnicos e os incentivem a dedicar suas vidas a essas instituições, à construção do conhecimento, aos projetos de pesquisa e de extensão. Só assim, é possível oferecer educação com a qualidade que a população brasileira merece.
No entanto, o governo federal vira as costas para os argumentos e propostas dos servidores 
públicos e usa seguidamente o discurso da crise financeira internacional como justificativa para não atender às reivindicações que são apresentadas pelos movimentos sociais em defesa da educação.
Não faltam recursos, o que falta é vontade política dos governantes. A verdadeira crise brasileira não é a crise financeira, mas sim ausência de políticas públicas que atendam as necessidades da  
população. 
Priorizar a destinação dos recursos públicos na lógica do setor empresarial financeirizado, como o governo tem feito, causa impactos cada vez mais negativos nos serviços públicos. Os professores, técnicos e estudantes estão nas ruas para dar um novo rumo ao ensino federal e, para isso, conclamam toda a população a fazer de 2012 um marco na história da educação brasileira.

ENTIDADES NACIONAIS DA EDUCAÇÃO FEDERAL - ANDES-SN/ FASUBRA/ SINASEFE

ABAIXO O GOLPE NO PARAGUAY!

Deter o golpe no Paraguai

22/6/2012 2:01, 
Por Luciano Wexell Severo:
É tensa e lamentável a situação enfrentada pelo heroico povo do Paraguai. A democracia e os avanços sociais estão sendo ameaçados pelos setores mais conservadores e retrógrados da sociedade paraguaia. Está em execução um golpe de Estado dirigido por uma minoria privilegiada, por uma elite empresarial e uma oligarquia latifundiária, que cresceu e enriqueceu durante os 35 anos da ditadura militar de Alfredo Stroessner.
Os grandes meios de comunicação do Brasil, da América Latina e do mundo estão, naturalmente, em silêncio. Entretanto, graças às redes sociais e a iniciativas como o canal Telesul (www.telesur.net) tem sido possível acompanhar os acontecimentos ao vivo. É importante lembrar que desde 2009 o presidente Fernando Lugo vem denunciando permanentes ações dos setores ultraconservadores para destituí-lo. Faltando nove meses para novas eleições presidenciais, a elite e os partidos de direita estão desesperados frente à iminente possibilidade de continuidade do governo.
Nesta quarta-feira, dia 21 de junho, em uma sessão relâmpago, 76 dos 80 deputados paraguaios aprovaram a abertura de um processo de impeachment contra o presidente. Os “argumentos” golpistas foram apresentados hoje e se pretende que o mandatário seja julgado e condenado amanhã, sexta-feira, até o final do dia. Quando pensamos que já vimos de tudo na América Latina surge algo novo. Trata-se de uma modalidade rara de golpe de Estado, sustentada por uma manipulação grosseira do poder legislativo. Houve três abstenções e a deputada Aida Robles, do Partido Participação Cidadã, foi a única que votou contra o julgamento-farsa.
A sessão parlamentar teve refinados toques de circo. Os deputados resolveram que amanhã, entre as 12h e as 17h30, se realizaria uma nova sessão. Conforme o estabelecido, o presidente Lugo teria duas horas para apresentar a sua defesa. Depois disso, os parlamentares propuseram analisar as “evidências” e anunciar o resultado. Obviamente, caso se leve a cabo este julgamento-farsa, o mandatário será destituído. Poucas vezes um parlamento de qualquer país do mundo tomou uma decisão tão importante em tão poucas horas. Isso não tem outro nome. É um golpe de Estado.
Entre os “motivos” apresentados pelos golpistas, prevalece o assunto do enfrentamento da semana passada, em Curuguaty, que causou a morte de 11 camponeses e seis policiais, além de haver deixado 50 feridos. Na ocasião, 100 famílias tentaram ocupar terras do latifundiário Blás Riquelme, ex-senador do Partido Colorado. Houve um tiroteio e este é o pano de fundo do golpe. Um dos parlamentares chegou a culpar Fernando Lugo de “cometer os piores crimes desde a Independência”. Ou o deputado foi vítima de uma impressionante falta de memória ou tem o rabo preso com a feroz ditadura de três décadas.
O caso de Curuguaty ainda não foi totalmente esclarecido, mas já existem inúmeras suspeitas de envolvimento de franco-atiradores que teriam disparado contra camponeses e policiais. Seria mais uma aplicação do chamado “crime de bandeira trocada”, a mesma estratégia tantas vezes utilizada na região para justificar intervenções e golpes. Se bem a insatisfação da oligarquia latifundiária com o governo Lugo venha de longa data, recentemente houve um fato novo. O Serviço Nacional de Qualidade e Sanidade Vegetal e de Sementes (SENAVE) não autorizou o uso comercial da semente transgênica da Monsanto no país. Neste contexto, tem ganhado destaque a figura de Aldo Zuccolillo, diretor proprietário do poderoso diário ABC Color e sócio principal da Cargill do Paraguai. O empresário opera em conjunto com a União de Grêmios de Produção (UGP), insinuando-se como uma possível liderança política.
Escutar as declarações e “acusações” dos deputados golpistas paraguaios gera uma mescla de sentimentos, que vão do espanto ao nojo. Comportaram-se como legítimos papagaios de Washington, portadores de um discurso digno da Guerra Fria e porta-vozes dos interesses da classe mais poderosa. Acusam o governo de “comunista”. Não faltaram patéticas referências à “paz”, à “liberdade” e à propriedade privada. Expressam, repetidas vezes e sem qualquer pudor, um profundo ódio às ações democratizantes do atual governo em benefício das classes populares, historicamente excluídas no país mais pobre da América do Sul.
De acordo com o Partido Popular Tekojoja, a iniciativa de realizar um julgamento deixa “evidente quem esteve por trás do massacre de camponeses e de policiais. Os principais beneficiados daquela tragédia agora revelam os seus verdadeiros interesses. Estão utilizando um acontecimento lamentável para atentar contra a democracia, o presidente e o povo paraguaio”.
Neste momento, uma missão oficial da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) está em Assunção reunida com o presidente paraguaio. Viajam os ministros de Relações Exteriores de Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Chile, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela. Além disso, dezenas de milhares de paraguaios vindos de todas as regiões se dirigem às portas do parlamento na capital. Lugo, em cadeia nacional, afirmou que “o povo paraguaio saberá responder a esta ação de um setor egoísta que sempre concentrou privilégios e que agora não quer compartilhar os benefícios”. Finalizou dizendo que não renunciará e que saberá “honrar o compromisso assumido por meio da vontade das urnas”.
Como se sabe, Fernando Lugo é um ex-bispo católico, seguidor da Teologia da Libertação. Conta com o apoio de importantes movimentos sociais, mas sua maior debilidade parece estar no fato de não contar com uma estrutura partidária consolidada e organizada. Diversas iniciativas do governo têm sido boicotadas pelo parlamento opositor. Inclusive a entrada da Venezuela no Mercosul, amplamente vantajosa para a integração regional, está sendo trancada pelos deputados paraguaios há mais de cinco anos.
Somente a mobilização popular pode frear o golpe. Apenas para fazer referência ao período mais recente, que não se repita um golpe de Estado similar ao perpetrado sobre o presidente Manuel Zelaya, de Honduras, em 2009. E que prevaleça a vontade popular, a mobilização e a resistência, como ocorreu na tentativa frustrada de derrubar o presidente Rafael Correa, do Equador, em 2010. Ao mesmo tempo, espera-se que as Forças Armadas do Paraguai sejam dignas de suas fardas, livrem-se de uma vez por todas do fantasma da ditadura de Stroessner e se mantenham ao lado do povo. Há força suficiente para impedir o julgamento-farsa e deter o golpe.

Fonte: http://correiodobrasil.com.br/deter-o-golpe-no-paraguai/474170/
DEpoimento da galera hoje na coletiva de imprensa sobre o ocorrido na UNIFESP.
Infelizmente cheguei atrasada para poder dar a entrevista.... rs..

Confere ae!
O trato com o Movimento Estudantil por parte das autoridades das Universidades deixa claro o rastro da ditadura...
Nossa liberdade de expressão está ameaçada.

18 junho 2012


Luiz Leduino: “Polícia Militar não combina com educação, universidade. Nunca dará certo”

publicado em 17 de junho de 2012 às 17:07
por Conceição Lemes
Neste domingo 17, a greve das universidades federais completa um mês. Iniciada com a adesão de 33 instituições, o movimento já conta o apoio de 55,  entre as quais a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Os estudantes da Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Unifesp  Guarulhos, especificamente, estão em greve há 85 dias. Na quinta-feira à noite 14, após assembleia para discutir o apoio à greve dos docentes, a Polícia Militar foi acionada para reprimir um grupo de estudantes que protestava contra a entrada da tropa de choque da PM no campus oito dias antes.
O que se viu a seguir foi muita truculência por parte da PM, disparo de balas de borracha e o uso de gás lacrimogêneo contra os universitários.

Resultado: 22 universitários presos e encaminhados à sede da Polícia Federal, já que é a Unifesp é federal; foram soltos no início da madrugada desse sábado.
Em nota oficial, a Reitoria da Unifesp afirma:
De acordo com a direção do Campus Guarulhos, durante a tarde, chefes de departamento se encontravam em reunião com a diretoria. Ao final da reunião de professores, constatou-se que paredes e chão do Campus haviam sido pichados.
Por volta das 18 horas, um grupo de alunos se concentrou na frente da Diretoria Acadêmica e começou a insultar o diretor acadêmico. Em seguida, entraram no prédio quebrando vidros, móveis e computadores, intimidando e acuando não apenas o diretor acadêmico como também professores no local, ameaçando, inclusive, ocupar o prédio. Neste momento a Polícia Militar que faz a segurança do bairro foi acionada por docentes e servidores acuados na Diretoria Acadêmica para conter os manifestantes e garantir a integridade física de todos os presentes, inclusive de alunos.
Assim que foi informada dos acontecimentos, a Reitoria acionou a Superintendência da Polícia Federal, que assumiu a operação policial.
Também em nota, o professor Luiz Leduino de Salles Neto, pró-reitor de Assuntos Estudantis (PRAE), reagiu à ação policial. Ele foi aluno de Matemática da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e atualmente é docente do Instituto de Ciência e Tecnologia da Unifesp – campus São José dos Campos.
Frente à ação policial ocorrida no campus Guarulhos da Unifesp no dia 14 de junho de 2012, a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE) manifesta a toda comunidade acadêmica e a toda sociedade o veemente repúdio à opção de tratar as questões universitárias, por mais complexas e controversas, por meio da violência.
Ressaltamos que são valores da PRAE o compromisso com a democracia e o respeito à diversidade intelectual, cultural, social e política.
Em função dessa nota, nós conversamos um pouco mais com o professor Luiz Leduino. Segue a nossa entrevista na íntegra:
Viomundo — A sua pró-reitoria divulgou nota repudiando a violência policial. Por quê?
Luiz Leduino Neto – Discordo radicalmente da opção de chamar a PM para atuar em uma situação que envolva um movimento reivindicatório na universidade, pois se há um problema, o mesmo não só não será resolvido, como será piorado. Os dirigentes da universidade, em todos os níveis, devem sempre tentar o diálogo, a negociação. Temos um papel educativo em relação aos nossos estudantes e devemos ser referência para toda a sociedade. Violência nunca deve ser a opção.
Viomundo — O que os alunos fizeram se justificava chamar a PM?
Luiz Leduino Neto — A PM é incapaz de ajudar num momento como aquele. Obviamente a PM não foi lá para negociar. No vídeo amplamente divulgado sobre a ação policial, nota-se que cerca de 20 estudantes estão cantando e repetindo palavras de ordem em frente à diretoria do campus. De repente, de forma violenta, um policial retira uma estudante do grupo. A estudante não oferecia nenhum risco, estava entoando palavras de ordem estudantis como todos os demais ali presentes.
Agora, se você vê uma amiga ou um amigo sendo agredido e levado para longe de forma truculenta, o que faria?  Mas os estudantes nem tiveram tempo de reagir,  a ação da PM foi brutal, com bombas e tiros de borracha.
Havia estudantes que não estavam protestando e foram atingidos. Professores, técnicos administrativos que estavam lá trabalhando e crianças filhos de estudantes também tiveram suas integridades físicas ameaçadas.
Viomundo – O senhor estava no campus da Unifesp Guarulhos no momento das prisões?
Luiz Leduino Neto — Eu cheguei ao local pouco depois da prisão dos estudantes.  Eu estava num evento da pró-reitoria em Osasco, quando um aluno me avisou pelo celular que a PM estava lançando bombas no campus de Guarulhos. A cena que eu vi quando cheguei era de pós-guerra: sangue, vidros quebrados, muitas pessoas em pânico… Assim, a PM não trouxe segurança, trouxe violência e medo.
Viomundo – As reivindicações dos alunos em greve procedem?
Luiz Leduino Neto — A pauta dos estudantes em greve do campus Guarulhos pode ser encontrada AQUI.
As reivindicações são justas. A infraestrutura é, de fato, muito aquém da reconhecida qualidade da Unifesp. O acesso ao campus por transporte público é muito deficiente. Falta um terreno para iniciarmos o projeto de residência universitária, entre outras questões igualmente pertinentes. Mas a greve já resultou em alguns avanços – há empenho da reitoria e do MEC na busca por soluções. Precisamos retomar a mesa de negociação e o debate amplo e respeitoso entre todos. Todos devem ceder.
 Viomundo —  E agora?
Luiz Leduino Neto – Convocamos uma reunião extraordinária do Conselho de Assuntos Estudantis da Unifesp para esta segunda-feira, na parte da manhã. Precisamos discutir coletivamente o que fazer.
Não podemos permitir que essas atrocidades voltem a ocorrer na universidade. Também temos o desafio de reconstruir as relações no campus. Professores, estudantes e técnicos administrativos têm os mesmos objetivos.
O momento exige união em defesa do campus e da Unifesp. Apesar das deficiências apontadas e que devem ser sanadas, o campus Guarulhos possui ótimos cursos de graduação, mestrado e doutorado e diversos projetos de pesquisa e extensão de excelência.
Creio que a saída para essa crise deve passar pelo estabelecimento de uma ampla mesa de negociação e de uma grande força-tarefa visando soluções a curto, médio e longo prazo. A universidade pública é um patrimônio do povo brasileiro, deve ser defendida, melhorada e a sua expansão deve continuar.
Viomundo — O senhor gostaria de acrescentar mais alguma coisa sobre este episódio lamentável?
Luiz Leduino Neto — Acho que não pode haver mais dúvidas: Polícia Militar não combina com educação, com universidade.  Nunca deu, não dá e nunca dará certo.  Tivemos recentemente na USP casos também lamentáveis. A universidade é o espaço do pensamento livre, da crítica, do debate, do diálogo.
Vou além: o papel da PM, de forma geral, deve ser amplamente debatido e revisado pela sociedade. E não se trata apenas de responsabilizar os integrantes da PM pelos abusos, mas quem a comanda e governa e, de forma mais ampla, redefinir sua própria concepção.

Fonte: http://www.viomundo.com.br/denuncias/luiz-leduino-policia-militar-nao-combina-com-educacao-universidade-nunca-dara-certo.html