10 novembro 2010
29 outubro 2010
MEC repudia declarações do candidato José Serra sobre o ENEM
o Ministério da Educação lamenta profundamente que a cerca de 20 dias da realização do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), que movimentará sonhos e aspirações de 4,6 milhões de estudantes em todo o país, o assunto seja tratado de forma leviana pelo candidato à Presidência da República José Serra.
O candidato de oposição ao atual governo anunciou que quer acabar com o novo ENEM, um projeto construído pela rede federal de educação superior, com a participação das 59 universidades federais e dos 38 institutos federais de educação, ciência e tecnologia, em todo o país.
Após a reformulação do exame, a rede decidiu abandonar o vestibular tradicional em proveito de um sistema democrático de acesso à educação superior pública de qualidade. Este ano, a rede oferecerá mais de 83 mil vagas, preenchidas exclusivamente pelo ENEM, além das 140 mil bolsas do Programa Universidade para Todos (ProUni).
Desde 2004, os partidos de oposição, por meio do Partido Democratas (DEM), tentam junto ao Supremo Tribunal Federal a declaração de inconstitucionalidade do ProUni, que tem o ENEM como principal porta de entrada e já beneficiou mais de 700 mil jovens estudantes de baixa renda.
O candidato José Serra partidariza uma discussão que sempre foi tratada de forma suprapartidária pelo Ministério da Educação. O novo ENEM foi elogiado por parlamentares de diversos partidos, inclusive do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), tanto da Câmara dos Deputados quanto do Senado Federal. É lastimável que o candidato agora se valha de um crime cometido contra o Estado e apurado pela Polícia Federal para partidarizar o debate sobre Educação.
Fonte: http://portal.mec.gov.br/
Reitores criticam declaração do candidato José Serra
Os reitores de diversas Universidades Federais também se posicionaram contra a declaração do candidato José Serra acerca do ENEM. O reitor da UNILA, Hélgio Trindade, declarou que, “como ex-presidente da Comissão Nacional de Avaliação (CONAES) e atual Reitor da UNILA, manifesto meu repúdio e solidariedade ao MEC diante da posição do candidato José Serra sobre o ENEM. A aprovação pelo Congresso Nacional, em 2005, da Lei do SINAES, pela qual foi instituido o ENEM associado à avaliação institucional e dos cursos, foi um avanço indiscutível sobre o antigo 'provão'. Nos últimos anos, o ENEM se consolidou como uma importante ferramenta para orientar a qualidade do ensino médio, selecionar os alunos bolsistas do PROUNI e a forma mais democrática e inclusiva no acesso dos alunos às universidades, adotado integralmente pela UNILA”.
A reitora da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), Malvina Tuttman, condenou a declaração do candidato e afirmou serem inconsistentes as afirmações de Serra. “Enquanto uma das representantes da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) no Comitê de Governança do ENEM, reafirmo a total lisura do Exame e o comprometimento e seriedade do Ministério da Educação em todas as fases do processo, desde a sua concepção, passando pela realização até a divulgação dos resultados. Importante ressaltar, ainda, a importância do ENEM para a democratização do acesso de jovens que, em muitos casos, foram historicamente excluídos das possibilidades de ingresso nas instituições federais de educação superior”.
Outro reitor a manifestar apoio ao exame foi Walter Manna Albertoni, reitor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). “A experiência da Unifesp em ter participado da primeira edição do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), sistema que selecionou os candidatos por meio da nota do ENEM 2009, foi extremamente positiva, pois permitiu que os melhores candidatos com as melhores notas fossem selecionados, além de ampliar as possibilidades de mobilidade acadêmica”.
O reitor da Universidade Federal Tecnológica do Paraná (UTFPR), Carlos Eduardo Cantarelli Wilson, destacou a importância do Exame para a mudança dos processos seletivos das universidades federais. “Já estava mais do que na hora de alterar a forma de acesso à educação superior pública no país e o ENEM responde a essa necessidade”.
O reitor da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), uma das novas universidades criadas neste governo, Dilvo Ristoff, também destacou os avanços do ENEM como forma de seleção. “O ENEM de hoje – não o do tempo em que o candidato Serra foi governo – é um poderoso instrumento para orientar o ensino médio brasileiro e por isso tem tido excelente receptividade junto às universidades federais. A Universidade Federal da Fronteira Sul tem utilizado exclusivamente o ENEM em seu processo seletivo e continuará a fazê-lo nos próximos anos porque o exame substitui com muitas vantagens o vestibular tradicional”.
Outros reitores também manifestaram apoio ao ENEM: Luiz de Sousa Santos Júnior, da Universidade Federal do Piauí; Antonio Cesar Goncalves Borges, da Universidade Federal de Pelotas; Luiz Cláudio Costa, da Universidade Federal de Viçosa; Maria Beatriz Luce, da Universidade Federal do Pampa; Miriam da Costa Oliveira, da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre; João Carlos Cousin, da Universidade Federal do Rio Grande; Carlos Alexandre Netto, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul; Natalino Salgado Filho, da Universidade Federal do Maranhão; Maria Lúcia Cavalli Neder, da Universidade Federal de Mato Grosso; Antonio Nazareno Guimarães Mendes, da Universidade Federal de Lavras e Amaro Henrique Pessoa Lins da Universidade Federal de Pernambuco.
Com Assessoria de Comunicação Social do MEC
21 outubro 2010
Metrô de SP e as inacreditáveis promessas de Serra
Uma das promessas mais repetidas pelo tucano José Serra no horário eleitoral é a de construir 400 km de metrô nas capitais brasileiras. O eleitor precisa desconfiar. Em São Paulo, quando governador, não fez quase nada nesse importante meio de transporte urbano.
Quando os tucanos assumiram o governo de São Paulo, em 1995, o metrô tinha 43,4 quilômetros de extensão. Desde então, até 2010, ganhou mais 18,9 e chegou a 62,3 quilômetros. Isso dá menos de quilômetro e meio por ano!Quando as linhas Amarela (Linha 4) e o prolongamento da verde (Linha 2) forem inaugurados, chegará a 78 quilômetros. Mas isto ainda está longe de acontecer: com Serra no governo foram inaugurados apenas alguns trechos da Linha Verde e um pequeno trecho, incompleto, da Linha Amarela (entre a Avenida Paulista e a Avenida Faria Lima).
Nesse ritmo, o metrô de São Paulo só vai alcançar 200 quilômetros no final do século, em 2070! Um levantamento feito na Assembleia Legislativa de São Paulo mostra que a construção está atrasada e insegura, ocorrendo acidentes graves, como o de janeiro de 2007 quando a futura estação Pinheiros desabou.
É um enorme descaso em relação ao meio de transporte mais usado em São Paulo, que reflete a mentalidade "empresarial" que domina o modo de governar dos tucanos e que só valoriza os aspectos financeiros em detrimento do atendimento às obrigações do Estado.
Entre as grandes capitais do mundo, o metrô de São Paulo é o mais lotado e chega a transportar quase dez passageiros por metro quadrado. Os usuários paulistanos sabem o sufoco que isso significa. Os usuários de outros estados podem desenhar no chão um quadrado de um metro de lado e colocar dez pessoas dentro, e ver o aperto que fica! É muito acima do padrão recomendável, que é quatro passageiros por metro quadrado. José Serra, pelo visto, não anda de metrô!
Ainda em relação ao metrô de São Paulo há outras coisas de que o tucano José Serra não fala:
1) a imprensa esteve cheia, nos últimos anos, de denúncias de pagamento de propinas e outras irregularidades. Uma delas envolve o suborno, pela empresa Alstom (fabricante de vagões ferroviários) a funcionários do governo de São Paulo, para vencer licitações. Isto está sendo investigado, em São Paulo, pelo Ministério Público Federal e Estadual, e na Suíça (onde fica a sede da Alstom) pela justiça de lá.
2) O custo de construção do metrô de São Paulo é extraordinariamente alto. em Madrí (Espanha), que construiu 40 quilômetros de metrô entre 1995 e 2003, o custo foi de 42 milhões de dólares por quilômetro. Em São Paulo, o custo é cinco vezes e meia maior, chegando a 229 milhões de dólares por quilômetro!
3) A manutenção do metrô piorou e as paradas de trens por problemas mecânicos se tornaram frequentes, chegando ao absurdo de acontecer uma colisão de trens, em 25 de novembro de 2009.
4) A tarifa do metrô de São Paulo é dez vezes mais cara do que no México e cinco vezes mais cara do que em Buenos Aires.
5) O governo do privatizante José Serra entregou a administração da Linha 4 (Amarela) para a empresa privada ViaQuatro, fazendo aumentar em cascata a tarifa dos outros transportes públicos interligados ao metrô. Além disso os reajustes das tarifas passaram a ocorrer anualmente; antes eram feitos a cada dois anos.
Dá para acreditar nas promessas do tucano José Serra?
14 outubro 2010
“Anticonceptivos para no abortar, educación sexual para decidir, aborto legal para no morir”.
O festival organizado pela Campanha Nacional pelo Aborto Legal, Seguro e gratuito atraiu milhares de activistas que apreciou o ritmo do Sentenced to Success, Karla Lara e Atitude Maria Marta. Atividades continuam hoje, com mais oficinas, a marcha tradicional e rock.
Alberdi Praça (mais conhecido como Fogo) foi o palco do festival de massas "canta e dança para o aborto legal", no XXV Encontro Nacional de Mulheres. Desde a tarde de milhares de mulheres vieram para a feira que, espontaneamente, acompanhou o show musical.
Passado 20 e com uma banda local começou o concerto. O condenado ao sucesso (feminista grupo Frente Popular Darío Santillán) mexeu com o clima com suas palavras de ordem para o aborto legal.
A resistência hondurenha e feminista, Karla Lara, desde a emoção da luta pelos direitos das mulheres. Movido subiu ao palco e explicou que, em Honduras, o direito ao aborto não pode sequer discutido, celebrando a luta de mulheres na Argentina.
O encerramento foi feito pelo hip hop do grupo Actitud Maria Marta, fazendo dançar e pular para a 3000 mulheres que enchiam a praça. Completando o festival, dezenas de mulheres no palco de rap junto com os cantores e Karla Lara: "Contracepção sem aborto, educação sexual para decidir, o aborto legal para evitar a morte."
Hoje, a partir de 9 lojas continuam a chegar às conclusões a ser lido amanhã. Durante o almoço, será realizada a Mesa da América Latina, onde ativistas de diferentes países vão compartilhar suas experiências sobre a situação dos direitos das mulheres em cada localidade. Nas ruas do Paraná, 19, será o cenário do progresso da reunião, para coroar com uma pedra de grande valor cultural e artística na Berduc Park.
Fátima Oliveira: "Tirem as mãos dos nossos ovários"
Fátima Oliveira, no blog Viomundo:
“Isso aqui”, o Brasil, não é um colônia religiosa, não é um Reino e nem um Império, é uma República! Dado o clima do segundo turno das eleições presidenciais brasileiras, parece que as urnas vão parir uma Rainha ou um Rei de Sabá, uma Imperatriz ou um Imperador, que tudo pode, manda em tudo e que suas vontades e ideias, automática e obrigatoriamente, viram lei! Não é bem assim…Bastam dois neurônios íntegros para nos darmos conta que o macabro leilão de ovários (com os ovários de todas as brasileiras!), em que o aborto virou cortina de fumaça, objetiva encobrir o discurso necessário para o povo brasileiro do que significa, timtim por timtim, eleger Dilma ou Serra.
No tema do aborto a tendência mundial é, no mínimo, o aumento dos permissivos legais, que no Brasil são dois, desde 1940: gravidez resultante de estupro e risco de vida da gestante. Pontuando que legalização do aborto ou o acesso a um permissivo legal existente não significa jamais a obrigatoriedade de abortar, apenas que a cidadã que dele necessitar não precisa fazê-lo de modo clandestino, praticando desobediência civil e nem arriscando a sua saúde e a sua vida, cabe ao Estado laico e democrático colocar à disposição de suas cidadãs também os meios de acessar um procedimento médico seguro, como o abortamento.
Negá-lo, como tem feito o Brasil, que se gaba de possuir um dos sistemas de saúde mais badalados do mundo que garante acesso universal a todos os procedimentos médicos que não estão em fase de experimentação, é imoral, pois quebra o princípio do acesso universal do direito à saúde! Eis os termos éticos para o debate sobre o aborto numa campanha eleitoral. Nem mais e nem menos!
Então, o que estamos assistindo nas discussões do atual processo eleitoral é uma disputa para ver quem é a candidatura mais capaz de desrespeitar os princípios do SUS, pasmem, em nome de Deus, num Estado laico! Ora, quem ocupa a presidência da República pode até ser carola de carteirinha, mas para consumo pessoal e não para impor seus valores para o conjunto da sociedade, pois a República não é sua propriedade privada!
Repito, não podemos esquecer que isso aqui, o Brasil, é uma República que se pauta por valores republicanos a quem todos nós devemos respeito, em decorrência, não custa nada dizer às candidaturas que limitem as demonstrações exacerbadas de carolice ao campo do privado, no recesso dos seus lares e de suas igrejas, pois não estão concorrendo ao governo de um Estado teocrático, como parece que acreditam. Como cidadã, sinto-me desrespeitada com tal postura.
As opções religiosas são direitos pétreos e questões do fórum íntimo das pessoas numa democracia. Jamais o norte legislativo de uma Nação laica, democrática e plural. Para professar uma fé e defendê-la é preciso liberdade de religião, só possível sob a égide do Estado laico, onde o eixo das eleições presidenciais é a escolha de quem a maioria do povo considera mais confiável para trilhar rumo a um país menos miserável, de bem-estar social, uma pátria-mátria para o seu povo.
Ou há pastores/as e padres que insistem em ignorar a realidade? “Chefe religioso” ignorante de que a sua religião necessita das liberdades democráticas como do ar que respiramos, não merece o lugar que ocupa, cabendo aos seus fiéis destituí-los do cargo, aí sim em nome de Deus, amém!
O leilão de ovários em curso resulta de vigarices e pastorices deslavadas, de má-fé e falta de escrúpulos que manipulam crenças religiosas de gente de boa-fé para enganá-las, como a uma manada de vaquinhas de presépio, vaquejadas por uma Madre Não Sei das Quantas, cristã caridosa e reacionária disfarçada de santa, exemplar perfeito de que pessoas desse naipe só a miséria gera. Num mundo sem miséria, madres lobas em pele de cordeiro são desnecessárias e dispensáveis. É pra lá que queremos ir e o leilão de ovários quer impedir!
Quem porta uma gota de lucidez tem o dever, moral e político, de não permitir que a escória fundamentalista de qualquer religião, que faz da religião um balcão de negociatas que vende Deus, pratica pedofilia e fica impune e ainda tem a cara de pau de defender a impunidade para pedófilos e os acoberta desde os tempos mais remotos, nos engabele e ande por aí com uma bandeja de ovários transformando a escolha de quem presidirá a República num plebiscito pra definir quem tem mais mão de ferro pra mandar mais no território do corpo feminino!
Cadê a moral dessa gente desregrada para querer ditar normas de comportamento segundo a sua fé religiosa para o conjunto da sociedade, como se o Brasil fosse a sua “comunidade religiosa”? Ora, qualquer denominação religiosa em terras brasileiras está também obrigada ao cumprimento das leis nacionais, ou não? Logo o que certas multinacionais da religião fizeram no processo eleitoral 2010 tem nome, chama-se ingerência estrangeira na soberania nacional. E vamos permitir sem dar um pio?
Diante dessa juquira (brotação da mata pós-desmatamento), onde só medrou urtiga e cansanção, cito Brizola, que estava coberto de razão quando disse: “O Brasil é um país sem sorte”, pois em pleno Século 21 conta com candidaturas presidenciais (não sobra uma, minha gente!) reféns dos setores mais arcaicos e feudais de algumas religiões mercantilistas de Deus.
É hora de dar um trato ecológico na juquira que empana os ideais e princípios republicanos, fora dos ditames da “moderna” agenda verde financeira neoliberal da “nova política”, que no Brasil é infectada de carcomidas figuras, que bem sabemos de onde vieram e pra onde vão, se o sonho é fazer do Brasil um jardim de cidadania, similar ao que Cecília Meireles tão lindamente poetou.
“Quem me compra um jardim com flores?/ borboletas de muitas cores,/ lavadeiras e passarinhos,/ ovos verdes e azuis nos ninhos?/ Quem me compra este caracol?/ Quem me compra um raio de sol?/ Um lagarto entre o muro e a hera,/ uma estátua da Primavera?/ Quem me compra este formigueiro?/ E este sapo, que é jardineiro?/ E a cigarra e a sua canção?/ E o grilinho dentro do chão?/ (Este é meu leilão!)” [Leilão de Jardim, Cecília Meireles].
Em 2010 em nosso país o que está em jogo é também a luta por uma democracia que se guie pela deferência à liberdade reprodutiva e que considere a maternidade voluntária um valor moral, político e ético, logo respeita e apoia as decisões reprodutivas das mulheres, independente da fé que professam. Nada a ver com a escolha de quem vai mandar mais no território dos corpos das mulheres! Então, xô, tirem as mãos dos nossos ovários!
Católicas denunciam uso eleitoral da questão do aborto
Em nota, a ONG Católicas Pelo Direito de Decidir se posicionou sobre a recente polêmica suscitada pelo aborto no debate da sucessão presidencial. Segundo o documento, "No presente momento, nossa democracia está sendo vergonhosamente desrespeitada. Setores conservadores estão usando um discurso pseudo-religioso, totalmente baseado em falsos moralismos, para influenciar de forma ilegítima o processo eleitoral. "
Católicas pelo Direito de Decidir se manifestam em defesa da democracia!A democracia é um dos bens mais preciosos que vêm sendo conquistados no Brasil, de forma lenta, às vezes contraditória, mas progressiva. As eleições, com todos os seus limites, representam um retrato da democracia formal. Trata-se de um momento privilegiado para que as diferenças se contraponham na arena política e assim se construam consensos e novas propostas para o bem do povo brasileiro.
No presente momento, nossa democracia está sendo vergonhosamente desrespeitada. Setores conservadores estão usando um discurso pseudo-religioso, totalmente baseado em falsos moralismos, para influenciar de forma ilegítima o processo eleitoral. Em nome da "defesa da vida", utilizam-se do debate sobre o aborto para fortalecer a influência da religião nos processos políticos, sem se preocuparem com o grave risco que a ilegalidade do aborto causa às mulheres mais pobres.
Irresponsável é o líder religioso que não enxerga a realidade, baseando-se apenas em princípios abstratos que contradizem o autêntico valor da vida, com a plena dignidade que ela deveria ter. Ainda mais irresponsável é o líder político que, amedrontado frente a ameaças eleitoreiras, deixa de comprometer-se com seu dever de chefe de Estado. Um Estado laico deve respeitar todas as religiões, mas jamais pode ser regido por princípios religiosos.
Não é do interesse público o que pensa cada candidato/a sobre o aborto, mas sim o que propõe fazer como estadista, como governante, para enfrentar esse grave problema de saúde pública. Não se trata de que os/as candidatos/as façam declarações afirmando ser contrários ou favoráveis ao aborto, porque essa polarização não permite que avancemos de forma adequada na discussão sobre o tema. Ser "favorável à legalização do aborto" não significa ser "favorável ao aborto", pois é sabido que, se o aborto sair da clandestinidade, sua prática tende a diminuir.
De toda forma, o que está em jogo de fato no atual debate não é o aborto e sim a democracia. Não está havendo um debate social sobre o aborto, mas sim uma utilização escusa do tema, que está sendo realizada de forma maliciosa, astuta e eleitoreira. Trata-se de um jogo sujo, no qual mais uma vez a vida das mulheres serve como moeda de troca!
Queremos que o grave problema do aborto no Brasil seja discutido como uma questão de saúde, este é o seu lugar, e não como um problema policial ou religioso. Não aceitamos que, por trás deste falso debate em torno do aborto, saiam de cena os sérios problemas que devem ser enfrentados: da exclusão social, da injusta distribuição de renda, da violência urbana, do baixo nível educacional, da pobreza, da moradia indigna, da desigualdade entre os gêneros, da violência contra mulheres e das más condições de saúde, entre outros.
Diante dos riscos que corre nossa incipiente democracia, conclamamos todas as forças da sociedade civil, independentemente de crença religiosa ou filiação partidária, para que se manifestem em favor da democracia e em defesa da laicidade do Estado, sem a qual o direito à expressão religiosa não será respeitada. Respeitemos nossa Constituição, sendo fiéis aos seus princípios.
Não vamos permitir que posições ideológicas e políticas, mascaradas por um falso discurso religioso em favor da vida, se imponham de forma desonesta e difamatória a um governo que se pretende verdadeiramente democrático. Não vamos permitir que este processo eleitoral envergonhe nosso país, que tem sido reconhecido internacionalmente como promotor da verdade e da paz.
13 outubro 2010
Frei Betto: Dilma e a fé Cristã
Em tudo o que Dilma realizou, falou ou escreveu, jamais se encontrará uma única linha contrária aos princípios do Evangelho e da fé cristã.
Por frei Betto
Conheço Dilma Rousseff desde criança. Éramos vizinhos na rua Major Lopes, em Belo Horizonte.Ela e Thereza, minha irmã, foram amigas de adolescência.
Anos depois, nos encontramos no presídio Tiradentes, em São Paulo. Ex-aluna de colégio religioso, dirigido por freiras de Sion, Dilma, no cárcere, participava de orações e comentários do Evangelho.
Nada tinha de “marxista ateia”.
Nossos torturadores, sim, praticavam o ateísmo militante ao profanar, com violência, os templos vivos de Deus: as vítimas levadas ao pau-de-arara, ao choque elétrico, ao afogamento e à morte.
Em 2003, deu-se meu terceiro encontro com Dilma, em Brasília, nos dois anos em que participei do governo Lula. De nossa amizade, posso assegurar que não passa de campanha difamatória -diria, terrorista- acusar Dilma Rousseff de “abortista” ou contrária aos princípios evangélicos.
Se um ou outro bispo critica Dilma, há que se lembrar que, por ser bispo, ninguém é dono da verdade.
Nem tem o direito de julgar o foro íntimo do próximo.
Dilma, como Lula, é pessoa de fé cristã, formada na Igreja Católica.
Na linha do que recomenda Jesus, ela e Lula não saem por aí propalando, como fariseus, suas convicções religiosas. Preferem comprovar, por suas atitudes, que “a árvore se conhece pelos frutos”, como acentua o Evangelho.
É na coerência de suas ações, na ética de procedimentos políticos e na dedicação ao povo brasileiro que políticos como Dilma e Lula testemunham a fé que abraçam.
Sobre Lula, desde as greves do ABC, espalharam horrores: se eleito, tomaria as mansões do Morumbi, em São Paulo; expropriaria fazendas e sítios produtivos; implantaria o socialismo por decreto…
Passados quase oito anos, o que vemos? Um Brasil mais justo, com menos miséria e mais distribuição de renda, sem criminalizar movimentos sociais ou privatizar o patrimônio público, respeitado internacionalmente.
Até o segundo turno, nichos da oposição ao governo Lula haverão de ecoar boataria e mentiras. Mas não podem alterar a essência de uma pessoa. Em tudo o que Dilma realizou, falou ou escreveu, jamais se encontrará uma única linha contrária ao conteúdo da fé cristã e aos princípios do Evangelho.
Certa vez indagaram a Jesus quem haveria de se salvar. Ele não respondeu que seriam aqueles que vivem batendo no peito e proclamando o nome de Deus. Nem os que vão à missa ou ao culto todos os domingos. Nem quem se julga dono da doutrina cristã e se arvora em juiz de seus semelhantes.
A resposta de Jesus surpreendeu: “Eu tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; estive enfermo e me visitastes; oprimido, e me libertastes…” (Mateus 25, 31-46). Jesus se colocou no lugar dos mais pobres e frisou que a salvação está ao alcance de quem, por amor, busca saciar a fome dos miseráveis, não se omite diante das opressões, procura assegurar a todos vida digna e feliz.
Isso o governo Lula tem feito, segundo a opinião de 77% da população brasileira, como demonstram as pesquisas. Com certeza, Dilma, se eleita presidente, prosseguirá na mesma direção.
Publicado no Tendências & Debates da Folha de S.Paulo
http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_secao=1&id_noticia=139035
10 outubro 2010
As mulheres que Serra vai mandar prender



Reproduzo importante alerta do jornalista Luiz Carlos Azenha, publicado no blog Viomundo:
O Brasil é um país hipócrita. O aborto, embora ilegal no papel, é prática cotidiana. Mulheres com poder aquisitivo procuram clínicas e hospitais que existem em todas as grandes cidades. Quem não tem dinheiro — e, portanto, acesso aos hospitais — se vira.
Um grave problema de saúde pública. O aborto, na prática, já é descriminalizado. Qual foi a última mulher brasileira que foi parar na cadeia por causa de um aborto?
Ao promover, no Brasil, a aliança político-eleitoral que elegeu Ronald Reagan e George W. Bush nos Estados Unidos — da extrema-direita com religiosos conservadores –, José Serra abre espaço para um futuro preocupante.
Se chegar ao Planalto, será pressionado para colocar na cadeia todas as mulheres que admitiram ter cometido o crime. Será pressionado para fechar hospitais e clínicas, prender médicos e as mulheres de classe média que fizeram aborto.
Eu vi isso acontecer nos Estados Unidos, onde o aborto é legal: fanáticos religiosos cercando clínicas, perseguindo e atacando médicos e pacientes.
É isso o que queremos para o Brasil? Leis ditadas não pelo Congresso, mas por extremistas religiosos que não tiveram um voto sequer?
Repito: para tentar ganhar a eleição, José Serra tomou um caminho lamentável, que ameaça os direitos civis de todos os brasileiros e que contribui para solapar o estado laico.
PS do Viomundo: Todas as clínicas dispõe de arquivos de pacientes. Nos Estados Unidos, era isso o que os fanáticos queriam, ao queimar clínicas: acesso aos arquivos.
Com a colaboração da NovaE e do Escrevinhador, seguem algumas das mulheres que estariam sujeitas a passar de um a três anos na prisão [no topo da página]:
Para além disso, é preciso lembrar que quem combate o aborto jamais teria assinado as normas técnicas para implantá-lo no Sistema Único de Saúde (SUS), como José Serra fez quando ministro da Saúde.
08 outubro 2010
Aiatolá Serra vai apedrejar a Soninha?
Reproduzo artigo de Rodrigo Vianna, publicado no blog Escrevinhador:
A Soninha (que já foi da MTV, e era filiada ao PT) hoje é uma das coordenadoras da campanha do Serra. A Soninha – como tantas mulheres – reconhece – na reportagem reproduzida aí no alto – que já fez aborto. Não o fez porque é um monstro irresponsável. Mas porque tantas vezes essa é a única opção para as mulheres. Quem conhece alguém que já abortou sabe do drama que as mulheres - mas também alguns homens – enfrentam nessa hora.
Serra e Soninha, vamos ser honestos, não são fascistas nem fanáticos religiosos – ou não eram. Serra, quando ministro da Saúde, assinou portaria regulamentando aborto no SUS. Só que Serra não tem limites para chegar ao poder. Na tentativa desesperada de ganhar de Dilma, ele se aliou ao que há de mais atrasado no Brasil. Até TFP (seita de extrema direita que é monarquista , contra o divórcio e contra os gays) está apoiando Serra.
Serra, pra ganhar, aposta no atraso, no pensamento mais consevador. Aposta no preconceito contra as mulheres. Serra quer ganhar votos espalhando que Dilma é “abortista, e quer matar criancinhas” (a própria mulher de Serra disse isso num corpo-a-corpo na rua).
Sei que há muita gente, homens e mulheres, que não gosta da Dilma. Gente que até já votou no PT , mas se decepcionou com o PT. Muita gente nessa situação escolheu no primeiro turno Marina, Plinio ou até Serra. Mas será que esse povo quer o atraso no Brasil? Duvido…
Serra, se vencer (e acho que não vence), trará com ele o preconceito, o atraso, a visão de que “gay é pecador” e “mulher está aí pra procriar, não pra decidir sobre sua saúde”.
Serra não era assim. Mas ficou assim. Serra hoje é o atraso. Não é à toa que, no twitter, Serra virou “#aiatoláSerra”.
Coitada da Soninha.
17 setembro 2010
13 setembro 2010
A GENTE NÃO QUER SÓ COMIDA!
Artista plástica, membro do Atelier de Arte Realista de Maurício Takiguthi, designer gráfica. Graduanda em Letras pela FFLCH-USP. Membro da coordenação da Seção Paulista da Fundação Maurício Grabois.
Nestes dias finais de campanha eleitoral, em que a realidade da eleição da primeira presidenta do Brasil – Dilma Roussef – se torna a cada dia mais presente, a gente aproveita este momento para lançar algumas sementes que podem tornar nosso futuro mais colorido. A gente quer falar aos candidatos progressistas.
A gente? A gente é artista, a gente é essa gente que faz arte, que é também agente de transformação: trans-Forma-Ação. A gente pega o mundo, a gente age: a gente pinta, a gente canta, a gente dança, a gente ensaia, a gente treina, a gente declama, a gente escreve, porque “a gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e Arte”*!
A gente está espalhado pelo Brasil a fora, Acre, Amazonas, Amapá, Maranhão; Pernambuco, Goiás, Rio, Bahia. A gente mora nos confins do Tocantins, habita as beiras dos pantanais. A gente se espalha pelos pampas, pelas praias, entre as serras, até dentro do mato. A gente é moreno, a gente é misturado, a gente borda e pinta. A gente é torrado de sol, banhado de mar, ou pálido de garoa. A gente habita morros e condomínios, a gente se mistura nas areias cariocas ou nas paulistas avenidas. A gente é nordestino, sulista, nortista, a gente é brasileiro. A gente é artista. A gente faz cultura. A gente quer falar!
- A gente quer o direito de pintar, de desenhar, de esculpir e DE EXPOR em TODAS as galerias e museus do Brasil, com todas as nossas cores, nossos quadros, nossas tintas, nossos estilos!
- A gente quer exposições de arte em TODO o Brasil, festivais, concursos, competições de arte. A gente quer mais museus, a gente quer mais galerias, mais pinacotecas. A gente quer democratizar o direito de fruição das artes para TODOS. A gente não quer continuar sendo expurgado do mercado pelo mercado. A gente quer que o Estado brasileiro incentive TODAS as formas de manifestação artística, todas as estéticas. A gente grita: “fora o pensamento único onde predomina o conceitual e a abstração. Arte é mais!”
- A gente quer financiamento do Estado para que surjam mais ateliês de arte, mais galerias, mais espaços artísticos, mais exposições.
- A gente quer democratizar as mostras de arte vindas do exterior para todos os Estados brasileiros, para que todo o Brasil possa ver as grandes obras dos grandes mestres de fora.
- A gente tem música na alma, a gente quer compor, a gente quer tocar, a gente quer cantar toda a música possível para TODA a multidão de brasileiros, se tivermos milhares de espaços pelo Brasil a fora. A gente quer cantar em grupo, em banda, ou sozinho.
- A gente quer trocar, a gente quer mostrar, a gente quer intercambiar nossas diferentes formas e expressões artísticas, em múltiplos encontros, seminários, conferências, congressos, convescotes, autos, seja o que for que junte gente. E junte a gente.
- A gente quer meios de reprodução para a arte que permita a todos o acesso à arte. A gente quer que todos os brasileiros tenham direito ao direito fundamental de todos de ter acesso a toda forma de arte, de poder se enriquecer espiritualmente com a arte.
- A gente quer suplantar a forma de cultura de massa, imposta pela tv, que homogenisa tudo. A homogeneidade é um crime contra a diversidade cultural da humanidade e do povo brasileiro. A gente não é só um, a gente é multidão, a gente é arco-íris.
- A gente não quer só ouvir no rádio música estrangeira, a gente quer usar todos os espaços para todos os artistas brasileiros, de norte a sul, sem predominâncias regionais. A gente é gente em todo o Brasil.
- A gente quer banda larga para todos, para todos os artistas populares, para todos os pontos de cultura, para todas as tribos cidadãs.
- A gente quer mais aulas de História da Arte, a gente quer mais aula de Arte, a gente quer mais arte nas escolas públicas e privadas. A gente quer escolas de qualidade, a gente quer professores bem pagos, bem formados, empenhados.
- A gente quer mais bibliotecas, amplo acesso aos livros, livros a preços populares, livrarias populares para todo lado, feiras de livro, concursos literários, incentivo à prosa, incentivo à poesia.
- A gente quer teatros, salas de encenação, incentivo aos existentes e à criação de novos grupos de teatro, com formação de atores e diretores. A gente quer balé, a gente quer dançar, a gente quer sambar, a gente quer rir. A gente, que é palhaço, a gente quer circo, a gente quer praça, a gente quer trapézio, a gente quer lona, a gente quer público, e gente pra rir ainda mais.
- A gente quer fazer e ler poesia, quer mostrar nossos versos, nossas rimas, nossos livros. A gente quer publicar nossos livros de prosa e poesia.
- A gente quer fotografar, filmar, fazer roteiro, a gente quer fazer cinema. A gente quer mais espaço para o cinema brasileiro, um cinema criativo, não simples imitação de padrões impostos. A gente quer que funcione o sistema de distribuição dos nossos filmes.
- A gente quer preservar nossa memória cultural: nosso folclore, nossas festas, nossos reizados, nossos blocos, nosso samba, nosso bumba-boi, nossas violas, nossas rezas, nossos cantos, nossas danças, nossos cordéis, nossos terreiros, nossas toadas, nossas emboladas, nossos sanfoneiros, nossos repentes, nossos raps, nossos artesãos, nossos bonecos, nossas caretas, nossas máscaras, nossos carnavais, nossas feijoadas, nossa cachaça, nossos trajes, nossas bombachas, nossas galinhadas, nossos forrós, nossos são joãos, nossos jogos de futebol, nossas gravuras, nossa pinturas, nossas folias, nossas alegorias, nossas alegrias!
Para fazer um país rico, próspero, há que se voltar com todos os olhos para a vida cultural brasileira e permitir a este povo criativo que surja com suas cores, com seu canto, com sua raça, com sua graça. Pois o ser humano sempre quererá ser maior do que é, sempre se voltará contra as próprias limitações, sempre terá o anseio de tudo querer e tudo poder.
Avançamos muito, enquanto Brasil no governo do presidente Lula, mas podemos ir ainda mais longe. Podemos suplantar todas as incertezas quanto ao dia de amanhã que rondou sempre a gente brasileira, criando um novo país em que todo o povo também tenha tempo, disposição e desejo de se por em contato mais íntimo com a Arte, em todas as suas formas de manifestação.
Pois o ser humano “sempre necessitará da arte para se familiarizar com a sua própria vida e com aquela parte do real que a sua imaginação lhe diz ainda não ter sido devassada.” (Ernst Fischer)
A gente quer a vida como a vida quer*!
* trechos da música Comida, composição de Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer e Sérgio Brito.
Elisa Branco: a costureira que ganhou o Prêmio Stalin
Ela foi presa na década de 50 por desafiar o governo do presidente Dutra contra o envio de soldados à Guerra da Coreia e, como militante comunista, ainda sonha em conhecer Cuba.
Em 1922, então com 10 anos, Elisa Branco abandonou os bancos escolares depois de se desentender com a professora em um desfile de 7 de setembro, em Barretos, no interior de São Paulo. O motivo da discussão: a roupa amassada. “Chorei o dia todo”, relembra.Decidida a não mais voltar à escola, a família tratou de substituir a cartilha da menina por jornais da capital. A consequência foi seu despertar para a política, impressionada com as andanças de Luís Carlos Prestes pelo país, no movimento que ficou conhecido como a Coluna Prestes. Filha de um português, dono de um armazém e uma pensão, a pequena burguesa morava com os cinco irmãos em uma casa de 21 cômodos. A boa situação financeira, porém, não a impediu de se aproximar do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e, por consequência, do grande ídolo. “Nunca fiz sacrifícios pelo partido. Prestes cativava as pessoas por sua inteligência”, afirma.
Vinte e oito anos depois de deixar a escola, já casada e com duas filhas, Elisa teve sua trajetória marcada por outro ato de rebeldia. Tudo começou em uma reunião da Federação das Mulheres de São Paulo, entidade ligada ao PCB, da qual fazia parte desde que se mudara para a capital. Naquela época, ela trabalhava como costureira de “madames do high society” e já não vivia com a mesma prosperidade da juventude, já que a morte do pai acabou com o sustento da família. Por um rádio de válvula, ouviu o presidente da República Eurico Gaspar Dutra anunciar o apoio do Brasil aos Estados Unidos na Guerra da Coréia – o que implicaria enviar tropas brasileiras ao continente asiático. “Vamos protestar”, bradou às companheiras. O grupo dividiu-se, mas não houve argumento que a fizesse mudar de ideia. No dia 7 de setembro de 1950, ela seguiu para o Vale do Anhangabaú, em São Paulo, local dos festejos do Dia da Independência. Diante do palanque oficial, abriu uma faixa com a inscrição “Os soldados nossos filhos não irão para a Coréia”. Não teve tempo para correr e foi levada por policiais à delegacia. “Achei que iria ficar detida por uma semana”, lembra.
O seu martírio, porém, perdurou por mais tempo. Julgada pelo Tribunal Militar, foi condenada por ação subversiva. A pena: quatro anos e três meses no Presídio Tiradentes, onde hoje há uma estação de metrô. De imediato, Elisa pediu a amigas que lhe enviassem peças de algodão para fazer cortinas e um pouco de esmalte para as unhas. Passou, então, a ensinar corte e costura e um pouco do alfabeto e higiene pessoal às detentas. Enquanto isso, via crescer um movimento pela sua libertação. Elisa virou notícia em jornais e passou a contar com o apoio popular. Teve, assim, direito a um novo julgamento. Absolvida, deixou a prisão um ano e oito meses depois de ter sido presa. “Fiz muitas amizades lá dentro e, quando saí, as mulheres que ficaram minhas amigas fizeram o maior quebra-quebra”, recorda-se. Em dezembro de 1952, meses depois de sua liberdade, Elisa foi agraciada com o Prêmio Stalin em uma conferência mundial pela paz, na Polônia – mais tarde substituído pelo Prêmio Lênin. Nessa primeira viagem à Europa, estava acompanhada do escritor Jorge Amado e da atriz Maria Della Costa. “A Elisa era muito corajosa”, diz a escritora Zélia Gattai, 83 anos, mulher de Jorge Amado. “Foi uma heroína do partido.”
Dívida de Fidel
O cárcere e a crise de identidade vivida pelo partido depois da morte de Stalin, em 1953, não abalaram sua militância. “Vi Elisa poucas vezes, mas sei que era muito ativa e interessada”, diz o arquiteto Oscar Niemeyer. Em 1964, quando estourou o golpe militar, ela foi novamente presa. Dessa vez, dentro de sua própria casa, na Vila Mariana. “Os bandidos do Dops (Departamento de Ordem Política e Social) reviraram tudo e ainda me tiraram um monte de fotografias de álbum de família”, conta. Ela ficou detida apenas por oito dias. Essa não foi a última vez que viu-se diante dos militares. Em 1971, Elisa assistia contrariada à luta armada dos partidos de esquerda. Desconfiados, agentes da polícia foram buscá-la de madrugada. Antes de sair, aos berros, fez questão de acordar a vizinhança. “Estão me levando”, gritou. A família ficou três dias sem nenhuma informação, até Elisa ser liberada, por falta de provas, já que havia se afastado da linha de frente do comunismo no Brasil.
Elisa foi casada durante 62 anos com o português Norberto Batista, que morreu em 1993, e com quem teve duas filhas, Horieta e Florita. Ele sempre foi um dos maiores incentivadores da luta da mulher. “Meu marido era comunista, mas eu não deixava ele participar com medo de que fosse deportado para Portugal, que vivia sob a ditadura de Salazar”, recorda Elisa. Ela mora sozinha em um apartamento em Alto de Pinheiros, bairro de classe média, em São Paulo. Aproveita as madrugadas para rabiscar à mão passagens de sua vida em um caderno universitário e fazer mantas de tricô. Pretende deixar tudo registrado em livro, que será revisado pelo jornalista e escritor Fernando Morais, autor de Olga e Chatô, o Rei do Brasil. “Vou fazer
isso com carinho. Só estou esperando ela terminar”, diz Morais. Elisa não tem pressa. Sentada no sofá de couro, olhando para as estantes com livros marxistas, diz que vai viver pelo menos 100 anos. Tempo suficiente para realizar um velho sonho: conhecer Cuba. “O Fidel Castro está me devendo um convite”, diz, sem, no entanto, tê-lo conhecido algum dia. “Vou escrever uma carta para ele e cobrar.”
Fonte: IstoÉ Gente
06 setembro 2010
01 setembro 2010
Lançamento do CIRCUS da UGES
A presidente da UGES, Sábatha Fernandes, pontuou educação e cultura como "pilares na construção de uma sociedade justa e igualitária" e explicou o projeto no sentido de "trazer a cultura para dentro dos estabelecimentos de ensino, resgatando as origens da escola, enquanto espaço da comunidade".
A Vereadora Luiza Cordeiro também marcou presença e lembrou da importancia desse tipo de espaço para a juventude na cidade, linkando a responsabilidade dos movimentos sociais em eleger governantes que realmente se preocupam com a juventude, com a educação e com a cultura.
O evento contou com um sarau na ilustre presença do Presidente da Academia Guarulhense de Letras, Castello Hansen entre outros poetas.
A Cultura Hip-Hop também teve sua participação atraves dos membros da Familia GNA, Alex Street e Locaute, além do grupo Mova-se de Dança de Rua (antigo The Power Dance) que sempre marcam presença em nossos eventos.
S.C. Corinthians Paulista
Pena que cheguei no final... Mas valeu apena por estar ali comemorando entre tantos torcedores da Fiel...
31 agosto 2010
13º RAPolitizando a Periferia
Fonte: Portal Mulheres no Hiphop | |||||||
![]() evento que acontece a mais de dez anos no Centro Cultural Orunmilá visando expandir o movimento Hip Hop e sua expressão poético-musical, através de bate-papo, palestras, entrevistas e discussões. O hip hop vem cresceu muito entre adolescentes e jovens das periferias do Brasil. Grupos de Rap começaram a surgir nas cidades, expandido o modo de ser, de vestir, de falar e, particularmente, de contestar com poesia ritmada, a opressão, o racismo, a desigualdade e a repressão policial contra os moradores da periferia e das favelas. Neste ano, o RAPolitizando a Periferia trouxe o tema: "Mulheres no Hip Hop" com a participação de Lunna que é rapper, produtora cultural, fundadora do Portal Mulheres no Hip Hop e Membro da Frente Nacional de Mulheres no Hip Hop. O evento terá Palestra, Oficina, Debates e apresentações artisticas. O RAPolitizando já contou com presença consagradas como Kl Jay, MV Bill, RZO, Negra Li, CXA, Robson MC, DMN, Mano Brown, Dú Bronx,Dom Pixote, entre outros. Quando: 18/09/10 Onde: Rua Rafael Defina, nº 43 - Ribeirão Preto / SP Informações: (16) 3974-7478 |
MV Bill na Malhação.
O convite ao rapper foi feito pelo diretor do seriado Ricardo Waddington e pelo autor Emanuel Jacobina, MV Bill se mostrou surpreso ao convite, chegando a acreditar que a proposta havia sido endereçada à pessoa errada, ou que o programa estivesse errado.
Ao contrário de muitos rappers, MV Bill tem uma relação boa com a mídia e sempre propôs mudanças, segundo ele seria uma contradição não aceitar o convite da emissora.
MV Bill interpretará o professor de física e matemática Antônio, será viuvo e pai de uma filha.
Do Portal Rap Nacional
Bom,
Sou uma grande admiradora do trabalho de MVBill...
Acho que a participação dele na mídia é importantissima para o rap, pois até então não havia, aparentemente, mudado seu conteúdo.
A exibição de Falcão no Fantástico e até as apresentações de Bill na Gobo como no Programa do Faustão foram excelentes, um grande exemplo de como quebrar o sistema por dentro.
Mas e agora? Fico preocupada com o q vem pela frente.
Ir para a Malhação não é o problema, considerando que a população jovem da periferia ve Malhação todos os dias. O problema é o que ele vai fazer lá? Vai ser mais um "Mauricinho da TV" ? ou vai representar de fato a juventude da periferia?
Centenário!
Além da queima de fogos que será realizada por toda Fiel torcida na hora da virada do dia 31/08 para o dia 01/09. Segundos antes da virada, acontecerá uma contagem regressiva e show pirotécnico (simultaneamente em 5 pontos da cidade) 1º de Setembrooo! Dia do Corinthians – Vá trabalhar ou estudar com a camisa do Corinthians, pendure sua bandeira na janela, no portão, no carro. Encontre sua forma de homenagear o Timão. Programação: - 17:00 - Concentração na Sede dos Gaviões da Fiel; - 18:00 - Caminhada até o Marco da Fundação; - 19:10 - Inauguração do novo Marco da Fundação (leve seu lampião e sua bandeira); - 20:00 - Carreata e caminhada até o Parque São Jorge; - 22:00 - Abraço Fiel no clube. Aqueles que não tiverem transporte, os Gaviões da Fiel irão disponibilizar ônibus. Pra saber mais visite o site da Gaviões da Fiel Pra |
25 agosto 2010
Ainda Vou Ver Esse Império Cair!
EUA podem estar a caminho de uma recaída na recessão
O Índice Dow Jones Industrial, da maior bolsa de Nova York, recuou 1,32% nesta terça-feira (24) devido ao mau humor dos investidores com as últimas notícias sobre a venda de imóveis usadas nos Estados Unidos, que despencaram 27,2% em julho, descendo ao menor nível desde maio de 1995.
O fato é interpretado por muitos observadores como um sinal de que a maior economia capitalista do mundo pode estar a caminho de uma nova recessão. O Ibovespa acompanhou a tendência e caiu 1,25%, para 65.156 pontos, o menor nível de fechamento em cinco semanas.
Nova ordem mundial
A economia norte-americana padece de fortes desequilíbrios e vive um processo histórico de declínio cuja contrapartida é a ascensão vertiginosa da China, que já é a primeira do mundo em exportação de mercadorias e se cacifa agora como grande investidora internacional.
A (lenta) queda do império está associada à baixa taxa de poupança e ao gigantesco parasitismo de Tio Sam, refletido na chocante dependência de capitais estrangeiros para financiar o apetite aparentemente insaciável por produtos importados. A crise impulsiona o desenvolvimento desigual das nações, favorecendo (até agora) a China e outros emergentes, e reforça, com isto, a necessidade de organizar uma nova ordem econômica e política mundial, na qual o papel do dólar e dos EUA certamente já não será o mesmo.
Leia na íntegra o texto de Humberto Martins no Vermelho
20 agosto 2010
LUIZA, sem perder a ternura

Vim trazido pelo editor-chefe da Folha, Onofre Leite, a quem a imprensa local e a cidade muito devem. Deram-me o cargo de editor de política. Com a mania de fazer tudo passei a coordenar o suplemento Folha Literária e publicar semanalmente à coluna No Mundo da Música Sertaneja.
Conheci pessoas como Edinaldo Couto, Ciça Lima, Gilmar Lopes, Valdeli, Nelson Alves de Carvalho, Orlando Ramos, e outras que muito contribuíram comigo e com a vida cultural e política da cidade.
Nosso ponto de encontro era o Greguinho, bar situado na esquina da Rua Capitão Gabriel com o calçadão da Faculdade Farias Brito, hoje Universidade de Guarulhos, ao lado da Matriz, hoje Catedral. O ponto era também freqüentado por estudantes, uma juventude disposta a sanar os males do País e do mundo. Eram os tempos da ditadura militar que em breve terminariam. Luiza Cordeiro fazia parte desse universo.
Era estudante de Geografia e Estudos Sociais e escrevia poemas. Sua poesia tinha os pés fincados no seu chão natal, Mato Grosso que ainda não era do Sul. Seu ideal subia ao infinito, vislumbrando um mundo sem fronteiras, com paz e justiça. Lutava por reformas no Ensino, melhoria na Faculdade e o direito de estudo para todos, independente da condição social. Fazia parte de uma geração rebelde e contestadora, mas amorosa.
Seu ideal era a paz, não a guerra. Seguia, talvez, as palavras atribuídas a Che Guevara: "Há que endurecer sem perder a ternura."
Formou-se e começou a dar aulas. Muita gente em Guarulhos gaba-se de ter sido seu aluno, e não esquece seu jeito de ensinar, ultrapassando o programa escolar, incentivando os alunos a buscar seu sonho. Mais do que fazer portadores de diploma, queria fazer cidadãos íntegros, capazes de formar uma Sociedade mais fraterna.
Elegeu-se vereadora e se reelegeu várias vezes. A cidade passou por muitas crises, denúncias de irregularidade, e ela manteve-se coerente com seus princípios, na Oposição ou na Situação. Lutando sempre em defesa Educação, Cultura, Meio Ambiente, e dos direitos fundamentais do cidadão. No Plenário apresentando projetos úteis e examinando criteriosamente os projetos do Executivo e dos colegas, na Tribuna defendendo com afinco seus pontos de vista, no Gabinete atendendo, dentro do possível a todos os que a procuram, sem perguntar em quem votaram nas últimas eleições.
LUIZA CORDEIRO é candidata a deputada estadual (PCdoB-65.033). É a minha candidata. Quero ser representado na Assembléia Legislativa por alguém íntegra, coerente, e humana. Alguém capaz de se emocionar, sofrer pelos que sofrem e chorar, como já me confessou, que seja capaz de lutar pelos seus princípios e enfrentar desafios. Sem perder a ternura.
Castelo Hanssen
Presidente da Academia Guarulhense de Letras
01 agosto 2010
Aborto
Cuba é o único país da América Latina que legalizou o aborto
Por incrível que pareça, na época em que vivemos, o aborto é legal em apenas um país da América Latina, Cuba. Cinco países – Chile, El Salvador, Honduras, Nicarágua e República Dominicana – o proíbem em qualquer circunstância, até quando a vida da mãe está em perigo. Uma lei que torna o aborto legal na Cidade do México está sendo atacada pela Igreja Católica Romana.
Mas o aborto não é o único problema dos direitos da mulher na América Latina. Embora muitos governos da região se descrevam como progressistas, as vidas cotidianas de milhões de mulheres na América Latina continuam atoladas na pobreza, dominação masculina e discriminação por causa da negligência nas reformas sociais e medidas legais.Ainda assim, a votação argentina que permitiu os casamentos entre pessoas de mesmo sexo é uma espécie de revolução social – um sinal possível de que talvez a campanha pelos direitos das mulheres possa estar por perto. O passado recente e turbulento da Argentina e a opressão e perseguição brutal de gays e lésbicas não indicavam em hipótese alguma a nova posição mundial da nação da Patagônia, como defensora de seus direitos.
Há algumas décadas, durante a “guerra suja”, depois do golpe militar de março de 1976, bares gays de Buenos Aires foram fechados, e mais de mil homens gays foram perseguidos, presos, sequestrados, torturados e mortos. As histórias de centenas de milhares de “desaparecidos” – gays e heterossexuais – assombram o país ainda hoje.
Desafio à religião
Fora da cosmopolita Buenos Aires, esta é uma região onde a homossexualidade ainda é um tabu, geralmente vista como pecado mortal, uma abominação, uma piada cruel e um motivo aceito para o ostracismo social. É uma região onde os insultos contra os gays e lésbicas estão entre as coisas mais odiosas que se pode dizer sobre um homem ou uma mulher, e onde os meninos que demonstram o que se considera como maneirismos efeminados são condenados à zombaria e ao isolamento.
Nesse cenário, o avanço dos gays na Argentina pode abrir o caminho para outras nações que antes eram repressoras, como o vizinho Chile. Por enquanto, com apenas o Canadá no continente americano, a Argentina se juntou a um punhado de países europeus, incluindo a Espanha, Portugal, Bélgica e a Holanda. É notável que três países fortemente católicos – Argentina, Espanha e Portugal – tenham desafiado a religião e a tradição social para levantar esse assunto incômodo e controverso, visto por alguns no Ociente como a batalha dos direitos humanos da nossa época.
A lei argentina tem distinções notáveis: ela foi aprovada por uma pequena margem e, nesse momento, aplica-se apenas a cidadãos argentinos. Gays e lésbicas estrangeiros que planejam se casar na Argentina estão sem sorte. Mais significativamente, a lei superou uma oposição amarga das igrejas Católica Romana, Mórmom e evangélica, às quais pertence a maioria da população.
Questões em impasse
Não está certo se outros países do hemisfério irão seguir o exemplo. Até o Brasil, conhecido por sua tolerância a diferentes estilos de vida, está relutante. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva do Brasil apoia a legalização das uniões civis, mas as medidas legislativas não foram aprovadas.
A Cidade do México era até agora a primeira jurisdição na América Latina a permitir que gays e lésbicas se casem e adotem filhos, uma lei que foi adotada em dezembro de 2009. Embora muitos ativistas tenham comemorado, poucas pessoas acreditam que as tendências liberais da cidade se espalharão para estados mais tradicionais do México extremamente católico.
No Chile, o governo planeja propor uniões civis limitadas, mas não tem planos para ir mais adiante. O Uruguai e a Colômbia têm união civil, mas o casamento gay não está em pauta. A maioria dos países da América Central é contra os direitos dos homossexuais, exceto provavelmente pela Costa Rica, que está considerando algum tipo de garantias civis.
O exemplo cubano
Mais interessante, talvez, seja Cuba. Nas primeiras décadas da revolução de Fidel Castro – conforme documentaram filmes e livros –, os gays e lésbicas não eram bem-vistos pelo governo, nem pela sociedade. Mas hoje os homossexuais podem andar e falar abertamente – graças em grande parte à filha do presidente Raúl Castro, Mariela Castro.
Aos 47 anos, Mariela é chefe do Centro Nacional para Educação Sexual de Bua e sempre foi uma defensora ferrenha dos direitos para gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros. “Para mim, a identidade e a orientação sexual é um direito humano”, disse ela à revista alemã Der Spiegel numa entrevista deste mês.
Ela e outros ativistas, com o apoio tácito do governo de seu pai, ajudaram a atenuar as atitudes em relação aos gays. Mariela apresentou recentemente um projeto de lei para legalizar as parcerias homossexuais – e teve o apoio de seu pai, disse. Mas retirou a proposta sob os ataques da Igreja Católica e alguns órgãos do governo.
Califórnia
Nos Estados Unidos, os eleitores da Califórnia e outros estados proibiram os casamentos entre pessoas de mesmo sexo. Só o Distrito de Colúmbia e cinco estados, quatro deles em New England (o quinto é Iowa), legalizaram os casamentos gays.
“A chave da conquista dos direitos humanos na Argentina foi a forte liderança dos legisladores e da presidente. É hora de vermos as autoridades que elegemos se levantarem pela Constituição e todas as famílias”, diz Evan Wolfson, diretor-executivo da organização Freedom to Marry. “Os Estados Unidos devem liderar, e não ficar para trás, no que diz respeito ao tratar a todos igualmente diante da lei.”
O presidente Barack Obama agiu para retirar a política de “não pergunte, não conte” dos militares, que retirou milhares de gays e lésbicas das forças armadas. O presidente conseguiu o apoio de altos funcionários militares, e parece possível que eventualmente os militares acabem com a política discriminatória.
Embora o casamento de pessoas do mesmo sexo seja um dos temas mais quentes das guerras culturais nos EUA, o presidente e a maioria dos políticos pisam em ovos em relação ao assunto. Alguns, como Obama, apoiam a união civil, mas não o casamento gay. Algumas pesquisas mostram que uma maioria esquálida de pessoas nos Estados Unidos apoiam o casamento de pessoas do mesmo sexo.
De qualquer maneira, o assunto inflama emoções profundas e, assim como o aborto, irá eventualmente acabar na Suprema Corte dos EUA. Para esse verão, os homossexuais e simpatizantes dos EUA podem se confortar com The Kids Are All Right, o primeiro filme hollywoodiano de massa a retratar um casal de lésbicas com filhos – uma família norte-americana moderna.
Da Redação, com informações do International Herald Tribune
24 julho 2010
Cotas
Desempenho de cotistas fica acima da média | ![]() | ![]() | ![]() |
Seg, 19/07/10 10h20 | |
![]() O primeiro levantamento sobre o tema, feito na Uerj em 2003, indicou que 49% dos cotistas foram aprovados em todas as disciplinas no primeiro semestre do ano, contra 47% dos estudantes que ingressaram pelo sistema regular. No início de 2010, a universidade divulgou novo estudo, que constatou que, desde que foram instituídas as cotas, o índice de reprovações e a taxa de evasão totais permaneceram menores entre os beneficiados por políticas afirmativas. A Unicamp, ao avaliar o desempenho dos alunos no ano de 2005, constatou que a média dos cotistas foi melhor que a dos demais colegas em 31 dos 56 cursos. Entre os cursos que os cotistas se destacaram estava o de Medicina, um dos mais concorridos - a média dos que vieram de escola pública ficou em 7,9; a dos demais foi de 7,6. A mesma comparação, feita um ano depois, aumentou a vantagem: os egressos de escolas pública tiveram média melhor em 34 cursos. A principal dificuldade do grupo estava em disciplinas que envolvem matemática. Fonte: O Estado de S.Paulo. Leia Mais: Cotas para os estudantes da escola pública, por Flávia Calé. |
22 julho 2010
Inclusão
Cia. Mix Menestréis reestréia em São Paulo o espetáculo Noturno com atores cadeirantes

Bengalas, muletas e cadeiras de rodas fazem parte da vida destes jovens artistas, que superam barreiras arquitetônicas e sociais para estarem no lugar que mais gostam, no palco. O grupo surgiu em 2003 somente com atores cadeirantes,porém com o sucesso na estréia, acabou incluindo no ano seguinte, jovens com outras deficiências.
“O teatro faz com que não tenhamos medo de se expor e de expor a nossa deficiência, você aprende a ter uma nova postura,” diz a jovem atriz Roseli Behaker, que ficou deficiente visual ainda bebê e conheceu o grupo, pelo intermédio de uma amiga que sabia sobre o trabalho com cadeirantes. “Conversamos com o diretor sobre a inclusão de deficientes visuais nos espetáculos e ele aceitou a proposta” afirma Roseli.
Assim, nascia o primeiro espetáculo totalmente mix da Cia, “Good Morning São Paulo Mixtureba” onde os deficientes visuais são as pernas dos deficientes físicos e os deficientes físicos são os olhos dos deficientes visuais. Foi um sucesso e um marco para o grupo que conta com seis espetáculos no repertório, utilizando o estilo teatro musical, com dança, música e performance.
O ator cadeirante Sidney Mayeda, conta que o diretor do grupo desde o início, exigia uma postura totalmente profissional, sempre apostando no talento de cada artista.“Da mesma forma que temos direitos, temos deveres também. Não podemos chegar atrasados e se faltar ele corta do elenco. Não é porque a pessoa tem uma deficiência que tem que viver colocando a culpa nisso”.
Para quem acha que jovens com deficiência vivem em um mundo de lamentações, está bem enganado. Sidney que sofreu uma lesão modular em um terremoto no Japão e esteve soterrado por 6 horas, hoje é totalmente reabilitado e leva uma vida normal, trabalha em uma multinacional, estuda línguas, pratica tênis e taekwondo adaptado, frequenta festas, baladas e tem o teatro como sua segunda profissão.
Vencer o preconceito e ensinar a sociedade a lidar com a diversidade são os grande desafios desses jovens que buscam a inclusão através da arte. A mais nova integrante do grupo, Dulce Nogueira possui a Síndrome de Larsen, uma enfermidade que atrofia os nervos. “Eu conheci a arte depois do nascimento das minhas filhas gêmeas que nasceram com a doença congênita. Comecei a procurar projetos de inclusão social e encontrei a Cia Mix Menestréis pelo site. Conhecer novas pessoas me ajudou a superar esse momento” comenta a atriz.
Noturno Cadeirantes
Após sucesso com duas temporadas de “A Mansão de Miss Jane”, última peça produzida pelo grupo, a Cia.retorna aos palcos com Noturno Cadeirantes, espetáculo que tem como tema os vários aspectos da noite paulistana, apresentados através de um revezamento cênico cinematográfico, onde o espaço físico do teatro é utilizado por 20 atores que, deslizando em cadeiras de rodas, surpreendem a platéia ao realizarem coreografias e cenas com talento e agilidade. Escrito e dirigido por Oswaldo Montenegro, o espetáculo estreou em 1991 na cidade de São Paulo e foi adaptado para um elenco de cadeirantes em 2003, sob direção de Deto Montenegro.
Serviço:
O que? Noturno Cadeirante
Aonde? Teatro Dias Gomes Rua Domingos de Moraes, nº 348 - Vila Mariana – Telefones: 5575-7472
Quando? De 17 de julho a 1º agosto - Sábados 21 h e Domingos 20 h
Quanto? R$ 50,00 (inteira) / R$ 25,00 (estudantes)
Sabotage
Assassino do rapper Sabotage é condenado a 14 anos de prisão
Sirlei Menezes da Silva foi condenado (dia 14) pelo 1º Tribunal do Júri do Fórum Criminal da Barra Funda, a 14 anos de prisão por matar o rapper Mauro Mateus dos Santos, conhecido como Sabotage, em 2003. A juíza Fabíola Oliveira Silva concluiu que o homicídio teve dois agravantes: motivo torpe e defesa da vítima dificultada.
A razão do crime foi apontada como vingança. De acordo com investigação do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Sabotage e Sirlei estavam envolvidos em uma rede de tráfico de drogas na Favela da Paz, na zona sul de São Paulo, local onde moraram durante algum tempo.O músico e outro traficante da quadrilha, Durval Xavier dos Santos, o "Binho", teriam assassinado um comparsa de Sirlei, Nivaldo Pereira da Silva, o "Caçapa". O réu chegou a confessar o crime quando foi preso, em 2004, mas a defesa alega que ele foi forçado a fazê-lo.
Após o depoimento de uma testemunha secreta, chegou-se à indicação da autoria de Sirlei. Ela apontou também o acusado como responsável por outros oito homicídios, que já estão tendo suas investigações reabertas.
O advogado de defesa, Marcelo Carneiro Novaes, defensor público, disse que vai entrar com recurso ainda hoje. Segundo ele, as provas são insuficientes e a confissão extrajudicial - que poderia atenuar a pena - não tem "suporte técnico."
Para lembrar
O assassinato ocorreu em 24 de janeiro de 2003, no bairro da Saúde, zona sul da capital paulista. Silva, de 29 anos, teria sido o autor dos quatro tiros que mataram Sabotage.
Fonte: Vermeho.org
Eleições e Mídia
UJS/SP debate papel da mídia nas eleições

A UJS de São Paulo promove no próximo sábado (24/7) o seu Encontro de Comunicação e Eleição para debater a atuação da mídia no atual momento político e conta com presenças ilustres.
O evento pretende reunir toda a militância engajada nas novas mídias para trocar idéias quanto ao fortalecimento dos meios de comunicação alternativos à imprensa de massa, além de colocar em pauta o desafio de garantir a continuidade dos avanços conquistados nos últimos anos pela juventude. Contando com a presença de Paulo Henrique Amorim, do site Conversa Afiada, Altamiro Borges, membro do comitê central do PCdoB e importante referência blogueira, e Conceição Oliveira, do blog Maria Frô, a UJS prepara seu arsenal ideológico para a batalha eleitoral que está no ar.
Além dos bate-papos com os palestrantes, o encontro vai contar ainda com algumas oficinas para orientar quanto a melhor utilização das ferramentas online no campo da comunicação. A organização do evento, que será realizado na sede do Comitê Central do PCdoB, ainda espera a confirmação da presença do jornalista Luiz Carlos Azenha, do site Viomundo. Com início às 8h30, o encontro se estende por todo o sábado e será encerrado com uma reunião da diretoria estadual da UJS.
Confira abaixo toda a programação:
8h30 - Debate de abertura: Mídia e Eleição
Paulo Henrique Amorim e Altamiro Borges
12h - Almoço
13h - Blogs: Debate e Oficina com Luiz Carlos Azenha (a confirmar)
15h30 - Twitter: Debate e Oficina com Conceição Oliveira
17h - UJS na Batalha: Reunião da Direção Estadual da UJS
Local: Sede do Comitê Central do PCdoB - Rua Rego Freitas, 192 - República
Data: 24/07 - Sábado
Horário: 8h30
Fonte: nossacarasp.bogspot.com
05 julho 2010
ONU cria nova estrutura para o empoderamento das mulheres
02.07.10
ONU cria nova estrutura para o empoderamento das mulheres
(02/07/2010 - 16:49)
Criação da Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres, denominada ONU Mulheres, é o resultado de anos de negociações entre Estados-membros da ONU e pelo movimento de defesa das mulheres no mundo
Nova York (EUA) - Numa decisão histórica, a Assembleia Geral da ONU votou por unanimidade hoje (2/7), em Nova York, a criação de uma nova entidade para acelerar o progresso e o atendimento das demandas das mulheres e meninas em todo o mundo. A criação da Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres, denominada ONU Mulheres, é o resultado de anos de negociações entre Estados-membros da ONU e pelo movimento de defesa das mulheres no mundo. Faz parte da agenda de reforma das Nações Unidas, reunindo recursos e de mandatos de maior impacto.
"Sou grato aos Estados-Membros, por ter este grande passo em frente para as mulheres do mundo e meninas", disse o secretário-geral Ban Ki-moon, em um comunicado elogiando a decisão. "ONU Mulheres vai aumentar significativamente os esforços da ONU para promover a igualdade de gênero, expandir as oportunidades e combater a discriminação em todo o mundo", completou. A ONU Mulheres será construída a partir do trabalho de quatro instâncias das Nações Unidas, cuja atuação se concentra na igualdade de gênero e no empoderamento das mulheres:
• Divisão para o Avanço das Mulheres (DAW, criada em 1946)
• Instituto Internacional de Pesquisas e Capacitação para a Promoção da Mulher (INSTRAW, criada em 1976)
• Escritório de Assessoria Especial em Questões de Gênero (OSAGI, criada em 1997)
• Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (UNIFEM, criada em 1976)
"Felicito aos dirigentes e funcionários da DAW, INSTRAW, OSAGI e UNIFEM pelo seu compromisso com a causa da igualdade de gênero e vou contar com o seu apoio à medida que entramos numa nova era no trabalho da ONU para as mulheres", disse o secretário-geral Ban . "Eu fiz a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres uma das minhas prioridades de trabalho para acabar com o flagelo da violência contra as mulheres, a nomeação de mais mulheres a altos cargos, os esforços para reduzir as taxas de mortalidade materna", observou Ban.
Durante muitas décadas, a ONU fez progressos significativos na promoção da igualdade de gênero através de acordos marco, tais como a Declaração e a Plataforma de Ação de Beijing e da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres. A igualdade de gênero não é apenas um direito humano básico, mas a sua concretização tem enormes implicações socioeconômicas. O empoderamento das mulheres é um catalisador para a prosperidade da economia, estimulando a produtividade e o crescimento.
No entanto, as desigualdades de gênero permanecem profundamente arraigadas em cada sociedade. Mulheres em todas as partes do mundo sofrem violência e discriminação e estão subrepresentadas em processos decisórios. Altas taxas de mortalidade materna continuam a ser motivo de vergonha global. Por muitos anos, a ONU tem enfrentado sérios desafios nos seus esforços para promover a igualdade de gênero no mundo, incluindo a descentralização dos financiamentos e ausência uma única instância para controlar r as atividades da ONU em questões de igualdade de gênero.
Pleno funcionamento: janeiro de 2011
ONU Mulheres, que estará em pelo funcionamento operacional em Janeiro de 2011, foi criada pela Assembleia Geral para tratar desses desafios. Será uma instância forte e dinâmica voltada para as mulheres e meninas, proporcionando-lhes uma voz poderosa a nível global, regional e local. Vai melhorar, e não substituir, os esforços de outras partes do sistema das Nações Unidas (tais como UNICEF, PNUD e UNFPA), que continuam a ter a responsabilidade de trabalhar pela igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres em suas áreas de especialização.
ONU Mulheres terá duas funções principais: irá apoiar os organismos intergovernamentais como a Comissão sobre o Status da Mulher na formulação de políticas, padrões e normas globais, e vai ajudar os Estados-membros a implementar estas normas, fornecendo apoio técnico e financeiro adequado para os países que o solicitem, bem como estabelecendo parcerias eficazes com a sociedade civil. Também ajudará o Sistema ONU a ser responsável pelos seus próprios compromissos sobre a igualdade de gênero, incluindo o acompanhamento regular do progresso do Sistema.
O Secretário-Geral Ban Ki-moon nomeará uma SubSecretária-Geral para dirigir o novo órgão. Aguarda sugestões dos Estados-Membros e parceiros da sociedade civil para definição do nome. A Subsecretária-Geral será membro de todas as instâncias superiores de decisão da ONU e apresentará relatórios ao Secretário-Geral.
Missão e orçamento
O orçamento da ONU Mulher será formado por contribuições voluntárias, enquanto que o orçamento regular da ONU vai apoiar o seu trabalho normativo. Pelo menos $ 500 milhões - o dobro do orçamento atual combinado de DAW, INSTRAW, OSAGI e UNIFEM - tem sido reconhecida pelos Estados-Membros como investimento mínimo necessário para a ONU Mulheres.
“ONU Mulheres terá um discurso forte e unificado em prol de mulheres e meninas de todo o mundo. Estou ansioso para ver esta nova entidade em funcionamento para que nós - mulheres e homens - possa avançar em conjunto em nossos esforços para alcançar os objetivos de igualdade, desenvolvimento e paz para todas as mulheres e meninas, em todos os lugares ", disse o secretário-geral adjunto Asha-Rose Migiro.
A resolução da Assembléia Geral das Nações Unidas de criação da ONU Mulheres também abrange questões mais amplas relacionadas à ONU, estabelecendo uma nova abordagem para o financiamento de operações de desenvolvimento das Nações Unidas, agilidade ao trabalho dos organismos da ONU e melhoria dos métodos de avaliação dos esforços de reforma.
Contato da imprensa: Charlotte Scaddan, +1 917-367-9378, scaddan@un.org
Acesse o site www.unwomen.org
10 junho 2010
Pagú
Mulher, de vanguarda e socialista, Pagu completaria 100 anos hoje
Quando as novas e as futuras gerações de militantes de esquerda se debruçarem para estudar os primeiros e heróicos tempos do movimento de mulheres no Brasil, um nome se destacará pela vivacidade, ousadia e brilho intenso, e também pela importância histórica e dramaticidade da sua trajetória: Patrícia Galvão, a Pagu. Nascida em 9 de junho de 1910, Pagu completaria 100 anos hoje.
por Irene dos Santos*

Balançando a roseira da acomodação da vanguarda do movimento modernista de 1922, a “antropofagia” centraria seu fogo no ataque aos “complexos da civilização ocidental”.
O retorno ao “Matriarcado de Pindorama”, avesso à propriedade privada e à repressão “civilizada” dos instintos, seria o mote para uma reorganização da sociedade em bases livres e igualitárias. Daí ao questionamento do papel subalterno reservado às mulheres desde tempos imemoriais, e particularmente sob o capitalismo, para Pagu foi um passo.
Subvertendo na prática a hipocrisia da moral sexual vigente na São Paulo conservadora das primeiras décadas do século XX, Pagu será também pioneira ao denunciar a questão da violência machista contra as mulheres e sua impunidade.
Assumir então uma posição política de classe era para ela uma conseqüência e um imperativo. Nas palavras mesmas de Pagu, em retrospectiva, numa lúcida caracterização daqueles tempos, em que a disputa literária e artística facilmente se desdobrava em opções políticas radicalmente opostas, ela escreveria o seguinte:
Conseqüente com suas opções, Pagu passa a militar no PCB. Em 1931 é presa, em Santos (SP), ao participar de um comício em homenagem a Sacco e Vanzetti, quando um estivador negro morre em seus braços, fuzilado pela polícia getulista.
Em Paris, milita nas fileiras do Partido Comunista Francês no período efervescente da Frente Popular. Quando cai o governo de esquerda, é presa e enviada de volta para o Brasil, onde vai encontrar um país sob clima de intensa agitação política, com a polarização entre a ANL, dirigida pelos comunistas e a Ação Integralista Brasileira, de direita.
Com o fracasso da tentativa de insurreição comunista de 1935, Pagu seria uma das milhares de pessoas atingidas pela intensa repressão que se seguiu. Amargou cruéis torturas durante cinco anos de prisão nos cárceres da ditadura do Estado Novo.
Ao sair da prisão, em 1940, rompe com o PCB, sem abandonar a perspectiva da luta pela transformação social. Em 1945, participa com Mário Pedrosa, militante e crítico de arte que viria a ser um dos fundadores do PT, do grupo que edita a revista Vanguarda Socialista.
Na década de 50, Pagu se candidata a uma cadeira de deputada estadual na Assembléia Legislativa de São Paulo pela legenda do PSB, quando lança o panfleto Verdade e Liberdade, crítica do stalinismo do PCB e da direita reacionária que, nas suas palavras, “não quer ver que a civilização atual esgotou as suas possibilidades de permanência dominante”.
Nos seus últimos anos de vida, até o seu falecimento em 1962, desenvolveu intensa atividade no campo da crítica das artes e da produção teatral, tendo sido precursora na montagem de peças de vanguarda como “A cantora careca” de Ionesco e “Fando e Lis” de Arrabal.
Passados cem anos do nascimento de Pagu, o Brasil mudou, e muito disto se deve à luta das mulheres. Somos herdeiras de Pagu na sua insubmissão e ousadia, no questionamento da ordem “natural” das coisas.
O caminho a trilhar é longo e árduo. É sempre bom lembrar do quanto a direita reacionária é capaz e como odeia a luta das mulheres, de como as mesmas agruras por que passou Pagu são hoje suportadas por milhares de lutadoras, a exemplo da companheira Rose, militante do MST e vereadora do PT, que foi recentemente encarcerada e teve seu mandato parlamentar injustamente cassado pelo simples fato de lutar pela reforma agrária.
Batalhar para eleger a companheira Dilma a primeira mulher presidenta do Brasil é um voto em legitima defesa das mulheres e dos trabalhadores, a melhor homenagem que faremos para a Pagu nestes cem anos do seu nascimento.
*Irene dos Santos é vereadora do PT em Diadema. Junto com outros companheiros e companheiras, Irene participa do coletivo dirigente do "Espaço Patricia Galvão" em Diadema, casa de debate político e artistico-cultural