13 setembro 2010

A GENTE NÃO QUER SÓ COMIDA!

Mazé Leite
Artista plástica, membro do Atelier de Arte Realista de Maurício Takiguthi, designer gráfica. Graduanda em Letras pela FFLCH-USP. Membro da coordenação da Seção Paulista da Fundação Maurício Grabois.



Nestes dias finais de campanha eleitoral, em que a realidade da eleição da primeira presidenta do Brasil – Dilma Roussef – se torna a cada dia mais presente, a gente aproveita este momento para lançar algumas sementes que podem tornar nosso futuro mais colorido. A gente quer falar aos candidatos progressistas.

A gente? A gente é artista, a gente é essa gente que faz arte, que é também agente de transformação: trans-Forma-Ação. A gente pega o mundo, a gente age: a gente pinta, a gente canta, a gente dança, a gente ensaia, a gente treina, a gente declama, a gente escreve, porque “a gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e Arte”*!

A gente está espalhado pelo Brasil a fora, Acre, Amazonas, Amapá, Maranhão; Pernambuco, Goiás, Rio, Bahia. A gente mora nos confins do Tocantins, habita as beiras dos pantanais. A gente se espalha pelos pampas, pelas praias, entre as serras, até dentro do mato. A gente é moreno, a gente é misturado, a gente borda e pinta. A gente é torrado de sol, banhado de mar, ou pálido de garoa. A gente habita morros e condomínios, a gente se mistura nas areias cariocas ou nas paulistas avenidas. A gente é nordestino, sulista, nortista, a gente é brasileiro. A gente é artista. A gente faz cultura. A gente quer falar!

- A gente quer o direito de pintar, de desenhar, de esculpir e DE EXPOR em TODAS as galerias e museus do Brasil, com todas as nossas cores, nossos quadros, nossas tintas, nossos estilos!

- A gente quer exposições de arte em TODO o Brasil, festivais, concursos, competições de arte. A gente quer mais museus, a gente quer mais galerias, mais pinacotecas. A gente quer democratizar o direito de fruição das artes para TODOS. A gente não quer continuar sendo expurgado do mercado pelo mercado. A gente quer que o Estado brasileiro incentive TODAS as formas de manifestação artística, todas as estéticas. A gente grita: “fora o pensamento único onde predomina o conceitual e a abstração. Arte é mais!”

- A gente quer financiamento do Estado para que surjam mais ateliês de arte, mais galerias, mais espaços artísticos, mais exposições.

- A gente quer democratizar as mostras de arte vindas do exterior para todos os Estados brasileiros, para que todo o Brasil possa ver as grandes obras dos grandes mestres de fora.

- A gente tem música na alma, a gente quer compor, a gente quer tocar, a gente quer cantar toda a música possível para TODA a multidão de brasileiros, se tivermos milhares de espaços pelo Brasil a fora. A gente quer cantar em grupo, em banda, ou sozinho.

- A gente quer trocar, a gente quer mostrar, a gente quer intercambiar nossas diferentes formas e expressões artísticas, em múltiplos encontros, seminários, conferências, congressos, convescotes, autos, seja o que for que junte gente. E junte a gente.

- A gente quer meios de reprodução para a arte que permita a todos o acesso à arte. A gente quer que todos os brasileiros tenham direito ao direito fundamental de todos de ter acesso a toda forma de arte, de poder se enriquecer espiritualmente com a arte.

- A gente quer suplantar a forma de cultura de massa, imposta pela tv, que homogenisa tudo. A homogeneidade é um crime contra a diversidade cultural da humanidade e do povo brasileiro. A gente não é só um, a gente é multidão, a gente é arco-íris.

- A gente não quer só ouvir no rádio música estrangeira, a gente quer usar todos os espaços para todos os artistas brasileiros, de norte a sul, sem predominâncias regionais. A gente é gente em todo o Brasil.

- A gente quer banda larga para todos, para todos os artistas populares, para todos os pontos de cultura, para todas as tribos cidadãs.

- A gente quer mais aulas de História da Arte, a gente quer mais aula de Arte, a gente quer mais arte nas escolas públicas e privadas. A gente quer escolas de qualidade, a gente quer professores bem pagos, bem formados, empenhados.

- A gente quer mais bibliotecas, amplo acesso aos livros, livros a preços populares, livrarias populares para todo lado, feiras de livro, concursos literários, incentivo à prosa, incentivo à poesia.

- A gente quer teatros, salas de encenação, incentivo aos existentes e à criação de novos grupos de teatro, com formação de atores e diretores. A gente quer balé, a gente quer dançar, a gente quer sambar, a gente quer rir. A gente, que é palhaço, a gente quer circo, a gente quer praça, a gente quer trapézio, a gente quer lona, a gente quer público, e gente pra rir ainda mais.
- A gente quer fazer e ler poesia, quer mostrar nossos versos, nossas rimas, nossos livros. A gente quer publicar nossos livros de prosa e poesia.
- A gente quer fotografar, filmar, fazer roteiro, a gente quer fazer cinema. A gente quer mais espaço para o cinema brasileiro, um cinema criativo, não simples imitação de padrões impostos. A gente quer que funcione o sistema de distribuição dos nossos filmes.
- A gente quer preservar nossa memória cultural: nosso folclore, nossas festas, nossos reizados, nossos blocos, nosso samba, nosso bumba-boi, nossas violas, nossas rezas, nossos cantos, nossas danças, nossos cordéis, nossos terreiros, nossas toadas, nossas emboladas, nossos sanfoneiros, nossos repentes, nossos raps, nossos artesãos, nossos bonecos, nossas caretas, nossas máscaras, nossos carnavais, nossas feijoadas, nossa cachaça, nossos trajes, nossas bombachas, nossas galinhadas, nossos forrós, nossos são joãos, nossos jogos de futebol, nossas gravuras, nossa pinturas, nossas folias, nossas alegorias, nossas alegrias!
Para fazer um país rico, próspero, há que se voltar com todos os olhos para a vida cultural brasileira e permitir a este povo criativo que surja com suas cores, com seu canto, com sua raça, com sua graça. Pois o ser humano sempre quererá ser maior do que é, sempre se voltará contra as próprias limitações, sempre terá o anseio de tudo querer e tudo poder.
Avançamos muito, enquanto Brasil no governo do presidente Lula, mas podemos ir ainda mais longe. Podemos suplantar todas as incertezas quanto ao dia de amanhã que rondou sempre a gente brasileira, criando um novo país em que todo o povo também tenha tempo, disposição e desejo de se por em contato mais íntimo com a Arte, em todas as suas formas de manifestação.
Pois o ser humano “sempre necessitará da arte para se familiarizar com a sua própria vida e com aquela parte do real que a sua imaginação lhe diz ainda não ter sido devassada.” (Ernst Fischer)

A gente quer a vida como a vida quer*!

* trechos da música Comida, composição de Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer e Sérgio Brito.

DanceHall com B Negão e Lei Di Dai

Elisa Branco: a costureira que ganhou o Prêmio Stalin

Ela foi presa na década de 50 por desafiar o governo do presidente Dutra contra o envio de soldados à Guerra da Coreia e, como militante comunista, ainda sonha em conhecer Cuba.

Em 1922, então com 10 anos, Elisa Branco abandonou os bancos escolares depois de se desentender com a professora em um desfile de 7 de setembro, em Barretos, no interior de São Paulo. O motivo da discussão: a roupa amassada. “Chorei o dia todo”, relembra.
Decidida a não mais voltar à escola, a família tratou de substituir a cartilha da menina por jornais da capital. A consequência foi seu despertar para a política, impressionada com as andanças de Luís Carlos Prestes pelo país, no movimento que ficou conhecido como a Coluna Prestes. Filha de um português, dono de um armazém e uma pensão, a pequena burguesa morava com os cinco irmãos em uma casa de 21 cômodos. A boa situação financeira, porém, não a impediu de se aproximar do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e, por consequência, do grande ídolo. “Nunca fiz sacrifícios pelo partido. Prestes cativava as pessoas por sua inteligência”, afirma.

Vinte e oito anos depois de deixar a escola, já casada e com duas filhas, Elisa teve sua trajetória marcada por outro ato de rebeldia. Tudo começou em uma reunião da Federação das Mulheres de São Paulo, entidade ligada ao PCB, da qual fazia parte desde que se mudara para a capital. Naquela época, ela trabalhava como costureira de “madames do high society” e já não vivia com a mesma prosperidade da juventude, já que a morte do pai acabou com o sustento da família. Por um rádio de válvula, ouviu o presidente da República Eurico Gaspar Dutra anunciar o apoio do Brasil aos Estados Unidos na Guerra da Coréia – o que implicaria enviar tropas brasileiras ao continente asiático. “Vamos protestar”, bradou às companheiras. O grupo dividiu-se, mas não houve argumento que a fizesse mudar de ideia. No dia 7 de setembro de 1950, ela seguiu para o Vale do Anhangabaú, em São Paulo, local dos festejos do Dia da Independência. Diante do palanque oficial, abriu uma faixa com a inscrição “Os soldados nossos filhos não irão para a Coréia”. Não teve tempo para correr e foi levada por policiais à delegacia. “Achei que iria ficar detida por uma semana”, lembra.

O seu martírio, porém, perdurou por mais tempo. Julgada pelo Tribunal Militar, foi condenada por ação subversiva. A pena: quatro anos e três meses no Presídio Tiradentes, onde hoje há uma estação de metrô. De imediato, Elisa pediu a amigas que lhe enviassem peças de algodão para fazer cortinas e um pouco de esmalte para as unhas. Passou, então, a ensinar corte e costura e um pouco do alfabeto e higiene pessoal às detentas. Enquanto isso, via crescer um movimento pela sua libertação. Elisa virou notícia em jornais e passou a contar com o apoio popular. Teve, assim, direito a um novo julgamento. Absolvida, deixou a prisão um ano e oito meses depois de ter sido presa. “Fiz muitas amizades lá dentro e, quando saí, as mulheres que ficaram minhas amigas fizeram o maior quebra-quebra”, recorda-se. Em dezembro de 1952, meses depois de sua liberdade, Elisa foi agraciada com o Prêmio Stalin em uma conferência mundial pela paz, na Polônia – mais tarde substituído pelo Prêmio Lênin. Nessa primeira viagem à Europa, estava acompanhada do escritor Jorge Amado e da atriz Maria Della Costa. “A Elisa era muito corajosa”, diz a escritora Zélia Gattai, 83 anos, mulher de Jorge Amado. “Foi uma heroína do partido.”

Dívida de Fidel

O cárcere e a crise de identidade vivida pelo partido depois da morte de Stalin, em 1953, não abalaram sua militância. “Vi Elisa poucas vezes, mas sei que era muito ativa e interessada”, diz o arquiteto Oscar Niemeyer. Em 1964, quando estourou o golpe militar, ela foi novamente presa. Dessa vez, dentro de sua própria casa, na Vila Mariana. “Os bandidos do Dops (Departamento de Ordem Política e Social) reviraram tudo e ainda me tiraram um monte de fotografias de álbum de família”, conta. Ela ficou detida apenas por oito dias. Essa não foi a última vez que viu-se diante dos militares. Em 1971, Elisa assistia contrariada à luta armada dos partidos de esquerda. Desconfiados, agentes da polícia foram buscá-la de madrugada. Antes de sair, aos berros, fez questão de acordar a vizinhança. “Estão me levando”, gritou. A família ficou três dias sem nenhuma informação, até Elisa ser liberada, por falta de provas, já que havia se afastado da linha de frente do comunismo no Brasil.

Elisa foi casada durante 62 anos com o português Norberto Batista, que morreu em 1993, e com quem teve duas filhas, Horieta e Florita. Ele sempre foi um dos maiores incentivadores da luta da mulher. “Meu marido era comunista, mas eu não deixava ele participar com medo de que fosse deportado para Portugal, que vivia sob a ditadura de Salazar”, recorda Elisa. Ela mora sozinha em um apartamento em Alto de Pinheiros, bairro de classe média, em São Paulo. Aproveita as madrugadas para rabiscar à mão passagens de sua vida em um caderno universitário e fazer mantas de tricô. Pretende deixar tudo registrado em livro, que será revisado pelo jornalista e escritor Fernando Morais, autor de Olga e Chatô, o Rei do Brasil. “Vou fazer
isso com carinho. Só estou esperando ela terminar”, diz Morais. Elisa não tem pressa. Sentada no sofá de couro, olhando para as estantes com livros marxistas, diz que vai viver pelo menos 100 anos. Tempo suficiente para realizar um velho sonho: conhecer Cuba. “O Fidel Castro está me devendo um convite”, diz, sem, no entanto, tê-lo conhecido algum dia. “Vou escrever uma carta para ele e cobrar.”

Fonte: IstoÉ Gente

01 setembro 2010

Lançamento do CIRCUS da UGES

No último sábado, 28, a União Guarulhense dos Estudantes Secundaristas realizou no Centro Municipal de Eduacação Adamastor, no Macedo, o Lançamento do Projeto CIRCUS (Circuito Cutural Secundarista).

O evento contou com uma programação diversa. Foi aberto pelo grupo de Capoeira São Bento Me Chama, onde cerca de 30 pessoas representaram a arte da cultura de resistência do povo brasileiro. Essa apresentação contou com uma parceria firmada com a Liga Guarulhense de Capoeira.

A presidente da UGES, Sábatha Fernandes, pontuou educação e cultura como "pilares na construção de uma sociedade justa e igualitária" e explicou o projeto no sentido de "trazer a cultura para dentro dos estabelecimentos de ensino, resgatando as origens da escola, enquanto espaço da comunidade".

O presidente da UPES, Tarcisio Boaventura e a Coordenadora do CIRCUS no Estado de SP, Dandara Cecilia, estiveram presentes e elogiaram a iniciativa da UGES. "Sabemos o quanto é dificil realizar esse tipo de atividade", disse Dandara.

Logo após se apresentou a Escolinha de Bateria da Sub Sede da Gaviões da Fiel em Guarulhos. Foi uma apresentação muito animada, e claro, que os Corinthianos presentes curtiram bastante, já que nessa semana comemora-se o Centenário do Corinthians.


A Vereadora Luiza Cordeiro também marcou presença e lembrou da importancia desse tipo de espaço para a juventude na cidade, linkando a responsabilidade dos movimentos sociais em eleger governantes que realmente se preocupam com a juventude, com a educação e com a cultura.

O evento contou com um sarau na ilustre presença do Presidente da Academia Guarulhense de Letras, Castello Hansen entre outros poetas.


Estiveram presentes Bandas de Rock, como a Banda Laivin, formada apenas por jovens Guarulhenses.

A Cultura Hip-Hop também teve sua participação atraves dos membros da Familia GNA, Alex Street e Locaute, além do grupo Mova-se de Dança de Rua (antigo The Power Dance) que sempre marcam presença em nossos eventos.



As estudantes Ana Carolina e Jackeline, da Escola Vereador Antonio de Ré expuseram seus desenhos e  alguns trabalhos em Arte Digital.

Além da Escola Antonio de Ré, estiveram presentes estudantes das Escolas: Maria Dirce II e III, João Luis de Godoy Moreira, Hernani Furini, Hilda Prates, Cocaia, Valderice, Padre Conrado, Escola São Francisco de Assis, entre outras.

O projeto terá continuidade através de seminários, palestras, debates e saraus nas escolas de Guarulhos.

Obs.:A UGES recomenda aos Estabelecimentos de Ensino interessados, que ainda não tinham tomado contato com o projeto, que entre em contato com a Coordenadora do CIRCUS em Guarulhos, Natasha Fernandes pelo e-mail natasha.fernandes.monaghan@gmail.com. 

S.C. Corinthians Paulista

"O Corinthians vai ser o Time do Povo, e o Povo é que vai fazer o Time"

Assim profetizou o alfaiate escolhido como primeiro presidente do clube, Miguel Bataglia.

Depois de 100 Anos, o Timão mostra toda sua tradição numa grande festa reunindo a Fiel para comemorar.

A emoção de estar ali é inexplicavel. Só quem estava sabe dizer..

Pena que cheguei no final... Mas valeu apena por estar ali comemorando entre tantos torcedores da Fiel...

Pelo Corinthians com muito Amor!