30 novembro 2009

Presidente da Fundação Casa afasta diretora e oito funcionários

Wellington Alves - Foto: Ana Paula Almeida    28/11/2009 08:35
Nove funcionários da unidade III da Fundação Casa, antiga Febem, no Jardim Aracília, foram afastados por determinação da presidente da instituição, Berenice Maria Giannella

Nove funcionários da Fundação Casa foram afastados da unidade na cidadeNove funcionários da Fundação Casa foram afastados da unidade na cidade

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Entre os retirados dos postos, estão a diretora, a encarregada técnica, os cinco coordenadores das equipes de segurança e mais dois empregados. Todos serão realocados para outras unidades fora de Guarulhos até o término da sindicância que apura abuso sexual e agressões físicas contra as meninas.
Na segunda-feira uma confusão envolvendo as internas permanentes deixou 21 das 26 garotas feridas. As 12 meninas que estão provisoriamente no local não se envolveram no conflito por ficarem em espaço separado. A Comissão de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescentes (CDDCA), da subseção Guarulhos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), denuncia possíveis maus tratos às garotas.
Berenice explicou que a Ouvidoria e a Corregedoria da Fundação Casa ficarão na unidade III até o término as investigações. Ela confirmou que houve erros da diretoria na condução do local. "Aconteceram brigas entre adolescentes desde sexta e não fomos comunicados. Houve quebra de confiança em relação à direção."
A presidente da Fundação Casa negou as denúncias de que as meninas não teriam atividades durante a tarde. "Elas estavam ensaiando para uma peça teatral e apresentação musical. Também temos cursos profissionalizantes." No entanto, Berenice admitiu que o modelo pedagógico da unidade não teve aprovação do Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente. "Algumas das nossas unidades não possuem registro por conta do comportamento político das prefeituras. É um absurdo. Mas temos autorização do Judiciário para atuar."
O delegado assistente do 4º Distrito Policial (DP), Luciano Vaz Carneiro, conta que o inquérito criminal sobre o caso deve ser finalizado em dois meses. "Na próxima semana espero ouvir todas as meninas da unidade." Para o presidente da OAB Guarulhos, Airton Trevisan, o afastamento dos funcionários era uma medida necessária. "Imaginávamos que o modelo de Febem tivesse chegado ao fim, mas ele se mantém. É um depósito de jovens em que não é feito nada para recuperá-los."
Membros da CDCCA conversaram com as internas durante a semana. Entre os relatos das garotas, consta violência física para conter crises, falta de atividades, castigos que vão desde a proibição de banhos até não poder enviar ou receber cartas, além do envolvimento sexual por parte dos funcionários com as meninas. As famílias das garotas também não podem levar qualquer tipo de alimento para elas. A presidente da Fundação não tinha informações se as denúncias eram verdadeiras. "Recomendamos que as internas possam receber bolos ou algum doce se for levado por familiares. O restante está sendo apurado. Se houve excesso dos funcionários eles serão processados e demitidos."
No dia 17 de novembro o Guarulhos Hoje publicou com exclusividade o assassinato de um jovem de 17 anos, interno da unidade masculina da Fundação Casa em Guarulhos. Ele foi espancado até a morte no banheiro da instituição por um grupo de oito internos. Sobre este caso, Berenice informou que foi aberta outra sindicância. "Não ligamos um episódio ao outro. A Corregedoria está investigando a morte do jovem."

Fonte Guarulhosweb