23 junho 2012

Vivemos ou não em uma democracia?



Os fatos ocorridos entre os dias 14 e 15 de junho com os estudantes da Unifesp Guarulhos trazem à tona a seguinte questão: estamos na Síria ou no Brasil? Uma estudante grita e se manifesta,  expressa suas ideias, e por isso é  tratada com truculência pela polícia do Estado. Após ver os vídeos  postados, fica nítido que a polícia que ali estava não deveria ter tomado tal atitude. Vi e conversei com o estudante que tomou um tiro de borracha no rosto (bem próximo ao olho – levou 10 pontos), um jovem educado, que veio do Nordeste para receber o  resultado de sua prova de mestrado. Os 22 estudantes da Unifesp Guarulhos presos nos cárceres da Polícia Federal de São Paulo são jovens que passaram por um processo seletivo legítimo criado pelo MEC. São jovens esforçados, dedicados aos estudos, senão não estariam matriculados em uma Universidade a cujo acesso só ocorre se o aluno obtiver notas altas no ENEM. Mas a culpa daqueles policiais estarem no interior de uma Universidade Federal para conter a manifestação legítima de estudantes brasileiros que supostamente vivem em uma democracia não é da polícia, mas, sobretudo, de quem chamou a polícia para estudantes como quem chama para bandidos.
Que justiça há em acusar estudantes que lutam por uma Universidade Pública Federal  de qualidade  de formação de quadrilha e cárcere privado de professores e funcionários da instituição em que estudam? Se há uma greve dos professores das Universidades Federais por melhores condições de trabalho, então os alunos da Unifesp Guarulhos só estão dando a voz dos estudantes para uma questão que já está dada: as universidades federais não estão cumprindo sua função adequadamente. Se as universidades estivessem a contento, os alunos estariam em suas salas de aula (não nas salas de aula do CEU como ocorre  na Unifesp Guarulhos).
E quanto à moradia de  estudantes? É construída uma Universidade na periferia de Guarulhos (região metropolitana de São Paulo) e não há moradia para os estudantes? Bem… se nem mesmo  há salas de aula suficientes, seria uma extravagância pedir moradia para os estudantes. Mas obras em estádios há… Copa do Mundo, Olimpíadas…
Os 22 estudantes presos na noite de 14 de junho não deveriam estar nos cárceres da Polícia Federal, deveriam estar em suas salas de aula, com professores bem pagos e em um ambiente com boa condição de ensino-aprendizagem. Os 22 jovens estudantes que dormiram nos cárceres da Polícia Federal em São Paulo, deveriam estar em seus dormitórios, protegidos pela Universidade Federal que pretende formar os jovens que estão construindo o Brasil Para Todos os Brasileiros.
Se estudantes são presos por pedirem seus direitos, em nosso país não há democracia, há tirania.
Espero que as acusações feitas contras os 22 estudantes da Unifesp Guarulhos presos na noite de 14 de junho sejam retiradas, caso contrário estaremos presenciando mais um ato de autoritarismo aos moldes do que estamos assistindo no mundo árabe.
Viva a liberdade de expressão.
Regina Moranga
Professora de Literatura e Redação

FONTE:  http://greveunifesp.wordpress.com/2012/06/22/vivemos-ou-nao-em-uma-democracia/

22 junho 2012

Manifesto do Professores em Greve!


Retirado do Site da ANDES - SN ( http://www.andes.org.br:8080/andes/print-ultimas-noticias.andes?id=5431).


As entidades do setor da educação federal em greve (ANDES-SN, Sinasefe e Fasubra) lançaram na tarde desta quarta-feira (20), na Câmara dos Deputados, o “Manifesto à População”, em que explicam as razões da atual greve nas instituições federais. Diante de avaliações sobre o significado histórico da convergência entre os trabalhadores na educação federal e estudantes, durante o ato foi constituida uma coordenação nacional entre os Comandos de Greve da Educação e firmado compromisso de articular uma agenda comum de atividades, já definindo que na próxima quinta-feira (28), as entidades realizaram ato sem frente aos prédios do Banco Central nas Capitais, para denunciar a política do governo, que menospreza investimentos em políticas públicas, como educação, para priorizar o pagamento de juros.

MANIFESTO À POPULAÇÃO
A defesa do ensino público, gratuito e de qualidade expressa uma exigência da população brasileira, que há tempos clama por serviços públicos de qualidade e é também parte essencial da história dos movimentos sociais ligados à educação. Vale lembrar que educação, saúde, segurança, transporte, entre outros, são direitos de todos e dever do Estado.
Nas últimas semanas, professores, técnico-administrativos e estudantes das Instituições Federais de Ensino voltaram às ruas para cobrar dos governantes que cumpram seu papel e dediquem atenção, de fato, às reais demandas sociais. Os trabalhadores da educação federal e estudantes estão em greve, porque estão conscientes de que é imprescindível lutar em defesa das Instituições Federais de Ensino. As negociações com o governo não avançam. No entanto, crescem a degradação das condições de trabalho, ensino e a deterioração da infraestrutura oferecida nas universidades, institutos e centros tecnológicos federais. Os professores, técnicos e estudantes defendem sim uma expansão, desde que exista qualidade. 
Não adianta criar novas instituições sem oferecer as condições satisfatórias para que elas funcionem. A realidade vivenciada pelos professores, técnicos e estudantes é muito diferente do que divulga a propaganda oficial do governo federal. A cada começo de ano fica mais evidente a precariedade de várias instituições federais de ensino, principalmente naquelas em que ocorreu a expansão via Reuni.
Faltam salas de aula, laboratórios, restaurantes estudantis, bibliotecas, banheiros, saneamento básico e em alguns lugares até papel higiênico. Ninguém deveria ser submetido a trabalhar, a ensinar e aprender num ambiente assim. 
Além disso, é necessário também oferecer um plano de carreira, que valorize os professores 
e técnicos e os incentivem a dedicar suas vidas a essas instituições, à construção do conhecimento, aos projetos de pesquisa e de extensão. Só assim, é possível oferecer educação com a qualidade que a população brasileira merece.
No entanto, o governo federal vira as costas para os argumentos e propostas dos servidores 
públicos e usa seguidamente o discurso da crise financeira internacional como justificativa para não atender às reivindicações que são apresentadas pelos movimentos sociais em defesa da educação.
Não faltam recursos, o que falta é vontade política dos governantes. A verdadeira crise brasileira não é a crise financeira, mas sim ausência de políticas públicas que atendam as necessidades da  
população. 
Priorizar a destinação dos recursos públicos na lógica do setor empresarial financeirizado, como o governo tem feito, causa impactos cada vez mais negativos nos serviços públicos. Os professores, técnicos e estudantes estão nas ruas para dar um novo rumo ao ensino federal e, para isso, conclamam toda a população a fazer de 2012 um marco na história da educação brasileira.

ENTIDADES NACIONAIS DA EDUCAÇÃO FEDERAL - ANDES-SN/ FASUBRA/ SINASEFE

ABAIXO O GOLPE NO PARAGUAY!

Deter o golpe no Paraguai

22/6/2012 2:01, 
Por Luciano Wexell Severo:
É tensa e lamentável a situação enfrentada pelo heroico povo do Paraguai. A democracia e os avanços sociais estão sendo ameaçados pelos setores mais conservadores e retrógrados da sociedade paraguaia. Está em execução um golpe de Estado dirigido por uma minoria privilegiada, por uma elite empresarial e uma oligarquia latifundiária, que cresceu e enriqueceu durante os 35 anos da ditadura militar de Alfredo Stroessner.
Os grandes meios de comunicação do Brasil, da América Latina e do mundo estão, naturalmente, em silêncio. Entretanto, graças às redes sociais e a iniciativas como o canal Telesul (www.telesur.net) tem sido possível acompanhar os acontecimentos ao vivo. É importante lembrar que desde 2009 o presidente Fernando Lugo vem denunciando permanentes ações dos setores ultraconservadores para destituí-lo. Faltando nove meses para novas eleições presidenciais, a elite e os partidos de direita estão desesperados frente à iminente possibilidade de continuidade do governo.
Nesta quarta-feira, dia 21 de junho, em uma sessão relâmpago, 76 dos 80 deputados paraguaios aprovaram a abertura de um processo de impeachment contra o presidente. Os “argumentos” golpistas foram apresentados hoje e se pretende que o mandatário seja julgado e condenado amanhã, sexta-feira, até o final do dia. Quando pensamos que já vimos de tudo na América Latina surge algo novo. Trata-se de uma modalidade rara de golpe de Estado, sustentada por uma manipulação grosseira do poder legislativo. Houve três abstenções e a deputada Aida Robles, do Partido Participação Cidadã, foi a única que votou contra o julgamento-farsa.
A sessão parlamentar teve refinados toques de circo. Os deputados resolveram que amanhã, entre as 12h e as 17h30, se realizaria uma nova sessão. Conforme o estabelecido, o presidente Lugo teria duas horas para apresentar a sua defesa. Depois disso, os parlamentares propuseram analisar as “evidências” e anunciar o resultado. Obviamente, caso se leve a cabo este julgamento-farsa, o mandatário será destituído. Poucas vezes um parlamento de qualquer país do mundo tomou uma decisão tão importante em tão poucas horas. Isso não tem outro nome. É um golpe de Estado.
Entre os “motivos” apresentados pelos golpistas, prevalece o assunto do enfrentamento da semana passada, em Curuguaty, que causou a morte de 11 camponeses e seis policiais, além de haver deixado 50 feridos. Na ocasião, 100 famílias tentaram ocupar terras do latifundiário Blás Riquelme, ex-senador do Partido Colorado. Houve um tiroteio e este é o pano de fundo do golpe. Um dos parlamentares chegou a culpar Fernando Lugo de “cometer os piores crimes desde a Independência”. Ou o deputado foi vítima de uma impressionante falta de memória ou tem o rabo preso com a feroz ditadura de três décadas.
O caso de Curuguaty ainda não foi totalmente esclarecido, mas já existem inúmeras suspeitas de envolvimento de franco-atiradores que teriam disparado contra camponeses e policiais. Seria mais uma aplicação do chamado “crime de bandeira trocada”, a mesma estratégia tantas vezes utilizada na região para justificar intervenções e golpes. Se bem a insatisfação da oligarquia latifundiária com o governo Lugo venha de longa data, recentemente houve um fato novo. O Serviço Nacional de Qualidade e Sanidade Vegetal e de Sementes (SENAVE) não autorizou o uso comercial da semente transgênica da Monsanto no país. Neste contexto, tem ganhado destaque a figura de Aldo Zuccolillo, diretor proprietário do poderoso diário ABC Color e sócio principal da Cargill do Paraguai. O empresário opera em conjunto com a União de Grêmios de Produção (UGP), insinuando-se como uma possível liderança política.
Escutar as declarações e “acusações” dos deputados golpistas paraguaios gera uma mescla de sentimentos, que vão do espanto ao nojo. Comportaram-se como legítimos papagaios de Washington, portadores de um discurso digno da Guerra Fria e porta-vozes dos interesses da classe mais poderosa. Acusam o governo de “comunista”. Não faltaram patéticas referências à “paz”, à “liberdade” e à propriedade privada. Expressam, repetidas vezes e sem qualquer pudor, um profundo ódio às ações democratizantes do atual governo em benefício das classes populares, historicamente excluídas no país mais pobre da América do Sul.
De acordo com o Partido Popular Tekojoja, a iniciativa de realizar um julgamento deixa “evidente quem esteve por trás do massacre de camponeses e de policiais. Os principais beneficiados daquela tragédia agora revelam os seus verdadeiros interesses. Estão utilizando um acontecimento lamentável para atentar contra a democracia, o presidente e o povo paraguaio”.
Neste momento, uma missão oficial da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) está em Assunção reunida com o presidente paraguaio. Viajam os ministros de Relações Exteriores de Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Chile, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela. Além disso, dezenas de milhares de paraguaios vindos de todas as regiões se dirigem às portas do parlamento na capital. Lugo, em cadeia nacional, afirmou que “o povo paraguaio saberá responder a esta ação de um setor egoísta que sempre concentrou privilégios e que agora não quer compartilhar os benefícios”. Finalizou dizendo que não renunciará e que saberá “honrar o compromisso assumido por meio da vontade das urnas”.
Como se sabe, Fernando Lugo é um ex-bispo católico, seguidor da Teologia da Libertação. Conta com o apoio de importantes movimentos sociais, mas sua maior debilidade parece estar no fato de não contar com uma estrutura partidária consolidada e organizada. Diversas iniciativas do governo têm sido boicotadas pelo parlamento opositor. Inclusive a entrada da Venezuela no Mercosul, amplamente vantajosa para a integração regional, está sendo trancada pelos deputados paraguaios há mais de cinco anos.
Somente a mobilização popular pode frear o golpe. Apenas para fazer referência ao período mais recente, que não se repita um golpe de Estado similar ao perpetrado sobre o presidente Manuel Zelaya, de Honduras, em 2009. E que prevaleça a vontade popular, a mobilização e a resistência, como ocorreu na tentativa frustrada de derrubar o presidente Rafael Correa, do Equador, em 2010. Ao mesmo tempo, espera-se que as Forças Armadas do Paraguai sejam dignas de suas fardas, livrem-se de uma vez por todas do fantasma da ditadura de Stroessner e se mantenham ao lado do povo. Há força suficiente para impedir o julgamento-farsa e deter o golpe.

Fonte: http://correiodobrasil.com.br/deter-o-golpe-no-paraguai/474170/
DEpoimento da galera hoje na coletiva de imprensa sobre o ocorrido na UNIFESP.
Infelizmente cheguei atrasada para poder dar a entrevista.... rs..

Confere ae!
O trato com o Movimento Estudantil por parte das autoridades das Universidades deixa claro o rastro da ditadura...
Nossa liberdade de expressão está ameaçada.

18 junho 2012


Luiz Leduino: “Polícia Militar não combina com educação, universidade. Nunca dará certo”

publicado em 17 de junho de 2012 às 17:07
por Conceição Lemes
Neste domingo 17, a greve das universidades federais completa um mês. Iniciada com a adesão de 33 instituições, o movimento já conta o apoio de 55,  entre as quais a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Os estudantes da Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Unifesp  Guarulhos, especificamente, estão em greve há 85 dias. Na quinta-feira à noite 14, após assembleia para discutir o apoio à greve dos docentes, a Polícia Militar foi acionada para reprimir um grupo de estudantes que protestava contra a entrada da tropa de choque da PM no campus oito dias antes.
O que se viu a seguir foi muita truculência por parte da PM, disparo de balas de borracha e o uso de gás lacrimogêneo contra os universitários.

Resultado: 22 universitários presos e encaminhados à sede da Polícia Federal, já que é a Unifesp é federal; foram soltos no início da madrugada desse sábado.
Em nota oficial, a Reitoria da Unifesp afirma:
De acordo com a direção do Campus Guarulhos, durante a tarde, chefes de departamento se encontravam em reunião com a diretoria. Ao final da reunião de professores, constatou-se que paredes e chão do Campus haviam sido pichados.
Por volta das 18 horas, um grupo de alunos se concentrou na frente da Diretoria Acadêmica e começou a insultar o diretor acadêmico. Em seguida, entraram no prédio quebrando vidros, móveis e computadores, intimidando e acuando não apenas o diretor acadêmico como também professores no local, ameaçando, inclusive, ocupar o prédio. Neste momento a Polícia Militar que faz a segurança do bairro foi acionada por docentes e servidores acuados na Diretoria Acadêmica para conter os manifestantes e garantir a integridade física de todos os presentes, inclusive de alunos.
Assim que foi informada dos acontecimentos, a Reitoria acionou a Superintendência da Polícia Federal, que assumiu a operação policial.
Também em nota, o professor Luiz Leduino de Salles Neto, pró-reitor de Assuntos Estudantis (PRAE), reagiu à ação policial. Ele foi aluno de Matemática da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e atualmente é docente do Instituto de Ciência e Tecnologia da Unifesp – campus São José dos Campos.
Frente à ação policial ocorrida no campus Guarulhos da Unifesp no dia 14 de junho de 2012, a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE) manifesta a toda comunidade acadêmica e a toda sociedade o veemente repúdio à opção de tratar as questões universitárias, por mais complexas e controversas, por meio da violência.
Ressaltamos que são valores da PRAE o compromisso com a democracia e o respeito à diversidade intelectual, cultural, social e política.
Em função dessa nota, nós conversamos um pouco mais com o professor Luiz Leduino. Segue a nossa entrevista na íntegra:
Viomundo — A sua pró-reitoria divulgou nota repudiando a violência policial. Por quê?
Luiz Leduino Neto – Discordo radicalmente da opção de chamar a PM para atuar em uma situação que envolva um movimento reivindicatório na universidade, pois se há um problema, o mesmo não só não será resolvido, como será piorado. Os dirigentes da universidade, em todos os níveis, devem sempre tentar o diálogo, a negociação. Temos um papel educativo em relação aos nossos estudantes e devemos ser referência para toda a sociedade. Violência nunca deve ser a opção.
Viomundo — O que os alunos fizeram se justificava chamar a PM?
Luiz Leduino Neto — A PM é incapaz de ajudar num momento como aquele. Obviamente a PM não foi lá para negociar. No vídeo amplamente divulgado sobre a ação policial, nota-se que cerca de 20 estudantes estão cantando e repetindo palavras de ordem em frente à diretoria do campus. De repente, de forma violenta, um policial retira uma estudante do grupo. A estudante não oferecia nenhum risco, estava entoando palavras de ordem estudantis como todos os demais ali presentes.
Agora, se você vê uma amiga ou um amigo sendo agredido e levado para longe de forma truculenta, o que faria?  Mas os estudantes nem tiveram tempo de reagir,  a ação da PM foi brutal, com bombas e tiros de borracha.
Havia estudantes que não estavam protestando e foram atingidos. Professores, técnicos administrativos que estavam lá trabalhando e crianças filhos de estudantes também tiveram suas integridades físicas ameaçadas.
Viomundo – O senhor estava no campus da Unifesp Guarulhos no momento das prisões?
Luiz Leduino Neto — Eu cheguei ao local pouco depois da prisão dos estudantes.  Eu estava num evento da pró-reitoria em Osasco, quando um aluno me avisou pelo celular que a PM estava lançando bombas no campus de Guarulhos. A cena que eu vi quando cheguei era de pós-guerra: sangue, vidros quebrados, muitas pessoas em pânico… Assim, a PM não trouxe segurança, trouxe violência e medo.
Viomundo – As reivindicações dos alunos em greve procedem?
Luiz Leduino Neto — A pauta dos estudantes em greve do campus Guarulhos pode ser encontrada AQUI.
As reivindicações são justas. A infraestrutura é, de fato, muito aquém da reconhecida qualidade da Unifesp. O acesso ao campus por transporte público é muito deficiente. Falta um terreno para iniciarmos o projeto de residência universitária, entre outras questões igualmente pertinentes. Mas a greve já resultou em alguns avanços – há empenho da reitoria e do MEC na busca por soluções. Precisamos retomar a mesa de negociação e o debate amplo e respeitoso entre todos. Todos devem ceder.
 Viomundo —  E agora?
Luiz Leduino Neto – Convocamos uma reunião extraordinária do Conselho de Assuntos Estudantis da Unifesp para esta segunda-feira, na parte da manhã. Precisamos discutir coletivamente o que fazer.
Não podemos permitir que essas atrocidades voltem a ocorrer na universidade. Também temos o desafio de reconstruir as relações no campus. Professores, estudantes e técnicos administrativos têm os mesmos objetivos.
O momento exige união em defesa do campus e da Unifesp. Apesar das deficiências apontadas e que devem ser sanadas, o campus Guarulhos possui ótimos cursos de graduação, mestrado e doutorado e diversos projetos de pesquisa e extensão de excelência.
Creio que a saída para essa crise deve passar pelo estabelecimento de uma ampla mesa de negociação e de uma grande força-tarefa visando soluções a curto, médio e longo prazo. A universidade pública é um patrimônio do povo brasileiro, deve ser defendida, melhorada e a sua expansão deve continuar.
Viomundo — O senhor gostaria de acrescentar mais alguma coisa sobre este episódio lamentável?
Luiz Leduino Neto — Acho que não pode haver mais dúvidas: Polícia Militar não combina com educação, com universidade.  Nunca deu, não dá e nunca dará certo.  Tivemos recentemente na USP casos também lamentáveis. A universidade é o espaço do pensamento livre, da crítica, do debate, do diálogo.
Vou além: o papel da PM, de forma geral, deve ser amplamente debatido e revisado pela sociedade. E não se trata apenas de responsabilizar os integrantes da PM pelos abusos, mas quem a comanda e governa e, de forma mais ampla, redefinir sua própria concepção.

Fonte: http://www.viomundo.com.br/denuncias/luiz-leduino-policia-militar-nao-combina-com-educacao-universidade-nunca-dara-certo.html

Ato da MINORIA ( Ato contra a barbárie na UNIFESP Pimentas, USP e UNILA)

Segunda-feira 16hrs
Vamos parar a AV. Paulista!
Vão ter que olhar pra gente!
Um ATO de verdade contra essa barbárie que aconteceu e está acontecendo na UNIFESP com os estudantes.Sem desviar o foco. Não é a PM, é a UNIFESP que nos agrediu! Ou pelo menos, que julga-se UNIFESP! Tá na hora de criar vergonha na cara, rapaziada! Até quando será assim? Todos os alunos tomaram um tapa na cara, um mata leão, um tiro de borracha! Sem partidarismos, sem segregação!
Sem pró ou contra greve!
Qualquer um poderia ter sido agredido!
Até quando seremos tratados assim? Peço de verdade, união! Sem ladainha, sem reaças, sem revolucionários, sem esquerda ou direita. Ninguém gostou do que viu, não é?NÃO VAMOS FICAR PARADOS!>OBS.1: LEVEM CARTOLINAS E TINTAS para confecção de cartazes que demonstrem os sonhos de cada ESTUDANTE ao entrar na UNIFESP.
>OBS.2: INSTRUMENTOS MUSICAIS também são MUITO BEM VINDOS! Traga o seu, queremos música!
>OBS.3: Em um determinado momento do ato ( combinar) ficaremos calados em sinal a repressão que estamos sofrendo. Afinal, nossos colegas foram detidos por gritar!
TODOS que se sentiram agredidos pelo o que aconteceu dia 15/06 no campus
Guarulhos da UNIFESP.


FORA MARCOS CEZAR!
CONTRA A POLÍCIA MILITAR E A DITADURA DO SEC. XXI!

No blog: http://greveunifesp.wordpress.com/

Ato político na UNIFESP Guarulhos é reprimido de forma truculenta pela PM!

Diretor Marcos Cezar e Vice-diretor Glaydson chamam
a força policial para bater nos estudantes
Estudantes estão na Polícia Federal na Lapa
Fora Marcos Cezar! Atendimento imediato da pauta de reivindicações!
Na noite de hoje, 14 de junho, os estudantes realizaram assembleia intercampi da UNIFESP, logo após aconteceu um ato político contra a repressão ao movimento estudantil, devido a entrada da Tropa de Choque e Polícia Federal na universidade para fazer a desocupação da Diretoria Acadêmica e de todo o Campus no dia 06 de junho. O ato saiu às ruas e terminou no Campus.
O Diretor Marcos Cezar e Vice-diretor Glaydson chamaram a PM que começou a bater nos estudantes. Depois chegaram mais carros da Policia Militar, os policiais dispararam para todos os lados balas de borracha. No Campus estavam presentes professores, funcionários e estudantes. Repudiamos a ação da Diretoria Acadêmica contra os estudantes que lutam há 84 contra a precarização imposta pelo Reuni. Nós temos defendido diariamente a universidade pública e direito de manifestação política.

No Blog: http://greveunifesp.wordpress.com/

Confira o vídeo feito pelos estudantes: http://greveunifesp.wordpress.com/2012/06/15/pm-provoca-tumulto-e-violencia-na-unifesp-guarulhos/

Links da noticia na mídia: http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2012/06/video-mostra-confusao-envolvendo-alunos-da-unifesp-e-pms-em-sp.html

13 junho 2012


Onde há democracia no mundo?

Por Emir Sader, no sítio Carta Maior:

No auge da guerra fria, os EUA impunham intervenções militares onde consideravam que a “democracia” estava em perigo. Tinham primeiro que caracterizar o governo como ditatorial ou que haveria um risco de um golpe que liquidaria a democracia. No Brasil foi assim, como as manchetes da imprensa o comprovam.


Depois da guerra fria as coisas ficaram mais complexas para os EUA. Se consideram que o selo democrático é conquistado conforme os critérios liberais – eleições periódicas, pluralidade partidária, separação dos poderes, imprensa livre (“livre” quer dizer privada), em vários países surgiram e se consolidaram governos que obedecem a esses critérios, mas que desenvolvem políticas que contrariam os interesses norteamericanos.

Uma nova moda surgiu com a visão de Fareed Zakaria (ex-editor do Newswek, atualmente na Time) jornalista nascido na Índia, naturalizado norte-americano, com a ideia de que há governos que cumprem com os rituais do liberalismo, mas que não seriam democráticos, porque não incentivam o capitalismo, que seria o habitat natural da democracia. Entre esses governos estariam os da Venezuela, do Irä, da Bolivia, do Equador, entre outros.

Agora um outro politólogo norte-americano, William Dobson, publica um livro na busca dos “neoditadores” e a imprensa daqui, colonizada, reproduz imediatamente a lengalenga deles. Significativamente a preocupação “democrática” dele se volta justo para países cujos governos tem antagonismos com os EUA: Irä, Venezuela, Russia, China. Para ficar evidente que seu problema não é com o sistema politico ou a estrutura social – democráticos ou nao -, mas com as posições politicas e ideológicas desses governos.

Nem pensar em países como a Arábia Saudita, o Kuait, o Yemen, o Marrocos, o Afeganistao, o Iraque, Honduras, entre outros, que não têm nada de democráticos, nem pelos estreitos critérios liberais. Mas que são aliados incondicioonais dos EUA. Não é democrático quem é nacionalista, quem desenvolve políticas internas de caráter popular, quem não se subordina aos interesses dos EUA.

Mídia: Regulamenta, Dilma!

Por Venício A. de Lima, na revistaTeoria e Debate:

Regulamentar é o mesmo que regular, verbo de origem latina que significa estabelecer regras para; estabelecer ordem; acertar, ajustar. Um dos papéis fundamentais do Estado é exatamente “estabelecer regras” – políticas públicas – relativas aos diferentes setores de atividade existentes numa sociedade para servir ao interesse coletivo.


Nas últimas décadas, atores sociais poderosos conseguiram tornar preponderante, em todo o planeta, a perspectiva política que postula limites estritos ao papel regulador do Estado. É o chamado “Estado mínimo” do ideário neoliberal. Os resultados desastrosos dessa política tornaram-se evidentes, a partir de 2008, com a crise global dos mercados financeiros. E suas consequências seguem fazendo estragos enormes ao redor do mundo.

É interessante notar, todavia, que, mesmo numa época em que dominou a perspectiva neoliberal, uma atividade foi e continua sendo objeto da regulação do Estado: as comunicações, reunindo os antigos setores de telecomunicações e radiodifusão e o novo espaço das TICs, as tecnologias de informação e comunicação.

Não só em vizinhos nossos como a Argentina, a Bolívia, o Equador, a Venezuela e o Uruguai, mas também na Inglaterra ocorre intenso debate sobre regulação e autorregulação – exemplos eloquentes por si mesmos.

São muitas as razões que justificam o imperioso papel regulador do Estado nas comunicações. A mais evidente (certamente) é a revolução digital pela qual passa o setor, que dissolveu as fronteiras entre as telecomunicações (telefonia, transmissão de imagens e dados), a comunicação social (rádio, televisão) e as TICs. Esse tsunami tecnológico provoca enormes ressonâncias no conjunto da sociedade, desde a transformação radical dos modelos de negócio até a reinvenção da sociabilidade humana, que agora se espraia viroticamente pelas redes sociais.

Uma razão talvez menos evidente ao senso comum, todavia, é a centralidade cada vez maior das comunicações nas democracias contemporâneas. A universalização da liberdade de expressão adquire um caráter fundante para a construção da cidadania ativa e republicana.

No Brasil, mesmo atores historicamente resistentes a qualquer alteração no status quo do setor de comunicações dão sinais públicos de finalmente reconhecer que algum tipo de regulação do Estado torna-se inevitável e inadiável.

De fato.

Para ficar apenas nos exemplos mais eloquentes: a principal referência legal para a radiodifusão, o Código Brasileiro de Telecomunicações (Lei nº 4.117/1962) completa cinquenta anos (!) no próximo mês de agosto. A Lei Geral de Telecomunicações (nº 9.472/1997), apesar de relativamente recente, entre outras questões já nasceu defasada por separar telecomunicações e radiodifusão. E as normas e princípios da Constituição de 1988 – que, pela primeira vez, trouxe um capítulo específico sobre a Comunicação Social – em sua maioria não foram regulamentados, e portanto não são cumpridos. Pior ainda, o artigo 224 que institui o Conselho de Comunicação Social, apesar de regulamentado, vem sendo descumprido pelo Congresso Nacional desde dezembro de 2006.

Mas não se trata apenas de uma questão legal. Regulamentar as comunicações implica o Estado cumprir seu papel de garantir a universalização da liberdade de expressão, assegurar maior diversidade e pluralidade de vozes no debate público e possibilitar a construção cidadã de uma opinião pública republicana e democrática.

A realização da 1ª Conferência Nacional de Comunicação em dezembro de 2009, apesar de boicotada por parte dos empresários de comunicações, confirmou o tema da regulação na agenda pública. Nos últimos meses, apesar da omissão deliberada e da satanização liberista que a grande mídia ainda faz do tema, é inegável que existe uma crescente mobilização de partidos políticos e da sociedade civil organizada em torno da necessidade da regulação das comunicações.

Por tudo isso, pela consolidação de uma democracia republicana, e em nome da maioria esmagadora do apoio popular que seu mandato tem recebido: regulamenta, Dilma!
Em todo canto a mesma história (com suas particularidades, mas a mesma!)....

ESTUDANTES DO CAMPUS GUARULHOS-PIMENTAS!
ABAIXO O ITAQUEIRÃO-CAMBURÃO!
QUEM NÃO PULA É REITORIA!
A LUTA CONTINUA!
Fato 01 – Dia 22 de março de 2012 os ESTUDANTES da UNIFESP CAMPUS GUARULHOS-PIMENTAS aprovaram a GREVE UNIFESP 2012.
Fato 02 – Também em 2012 os DOCENTES, após construção da paralização de 07 dias e da convocação da ADUNIFESP, aprovaram a GREVE NA UNIFESP 2012.
Fato 03 – Os TÉCNICOS que fizeram GREVE em 2011 estão discutindo o quadro nacional, se mobilizando e devem definir em assembléia uma posição quanto à greve geral convocada pelo sindicado da categoria.
Fato 04 – VÁRIAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS articularam o ATO UNIFICADO dia 12 de junho de 2012 – em frente BOLSA DE VALORES/SP.
Fato 05 – DIA 14 DE JUNHO DE 2012 – 15 horas – convocada a assembléia geral dos estudantes da UNIFESP “II INTERCAMPI” no CAMPUS GUARULHOS-PIMENTAS!
Fato 06 – Há mais de 30 anos não ocorria uma mobilização nas universidades brasileiras com a intensidade atual, envolvendo DOCENTES, ESTUDANTES E TÉCNICOS.
Fato 06 – O CAPITALISMO ENFRENTA UMA DAS SUAS MAIORES CRISES e, isto se reflete na SOCIEDADE: VEJAM O AGITO DOS PRÁTICO-UTILITÁRIOS E OUTRAS CORRENTES PRECONCEITUOSAS, MACHISTAS, FUNDAMENTALISTAS, PORCO-CHAUVINISTAS e vai por aí!
Fato 07 – OS ESTUDANTES, DOCENTES E TÉCNICOS DAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS BRASILEIRAS ESTÃO FAZENDO HISTÓRIA. Não fique de fora!
II INTERCAMPI
Fazer a assembléia no Campus Guarulhos é de uma importância estratégica fundamental, uma vez que a VIOLÊNCIA contra os ESTUDANTES que estão na FRENTE DA LUTA, seguindo as determinações das assembléias gerais, inclusive da OCUPAÇÃO recente, é a META DOS BUROCRATAS, ESCOLÁSTICOS E ALPHACETES e não é exclusiva em Guarulhos.
A “CARÍSSIMA BUROCRACIA FRATERNAL” não consegue mais IMPOR O CANTO DA SEREIA DO REUNI, dada a própria PRECARIZAÇÃO, mola propulsora das seguidas aprovações de continuidade da greve e ocupação do Campus Pimentas.
Diante deste quadro concreto não restam mais alternativa para a BUROCRACIA senão ISOLAR E EM SEGUIDA ELIMINAR OS ESTUDANTES MOBILIZADOS NO COMANDO DE GREVE E OCUPAÇÃO com as mais diversas táticas e jogos: terrorismo academicista, manobras, infiltração de informantes, isolamento, divisionismo, contra-informação – enfim, tentaram de tudo para isolar o MOVIMENTO GREVISTA E DE OCUPAÇÃO – SEM SUCESSO!
O BARATO É LOUCO E O PROCESSO É LENTO!
O processo de greve e ocupação desde 2007 em resposta às sucessivas crises na UNIFESP amadureceu o MOVIMENTO ESTUDANTIL e uma a uma destas táticas foram sendo desmontadas.
TROPA DE CHOQUE NELES!
Bateu o desespero “eliminacionista”: ENVIARAM A TROPA DE CHOQUE DA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO E A POLÍCIA FEDERAL.
Depois dos processos na JUSTIÇA FEDERAL e o INDICIAMENTO NA POLÍCIA FEDERAL por uma suposta desobediência, restam as MANOBRAS PARA EXPULSÃO DO “MAL” QUE CONTAMINA O CAMPUS DA BUROCRACIA, higienizado logo após a retirada violenta dos estudantes que ocupavam o Campus.
MORALISTAS OPORTUNISTAS!
Sim, é desta forma que esta burocracia encara a luta dos ESTUDANTES: A LUTA DO BEM CONTRA O MAL!
Só que DANÇARAM uma vez que o processo deixou escancarado: NÃO SE TRATA DA LUTA DO BEM CONTRA O MAL. A GREVE NACIONAL DAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS FEDERAIS demonstra claramente e, foram DESMASCARADOS!
PAUTA UNIFICADA!
Trata-se de uma luta concreta geral e que não deve ser diferente do nosso Campus, baseada no tripé constante na PAUTA APROVADA POR TODOS OS CURSOS – História, História da Arte, Ciências Sociais, Letras, Pedagogia e Filosofia:
1. FIM DA CRIMINALIZAÇÃO DOS 48 ESTUDANTES DE 2008 E 46 ESTUDANTES DE 2012.
2. DEMOCRATIZAÇÃO DA ESTRUTURA DE PODER DA UNIFESP.
3. FIM DA PRECARIZAÇÃO DA UNIFESP.
ROMPER COM O IMOBILISMO PRÁTICO-UTILITÁRIO!
Não basta colar cartazes ou ficar repetindo que nem “papagaio”: “A GREVE NÃO É O ÚNICO INSTRUMENTO DE LUTA”.
Temos de participar e a GREVE DEMONSTROU SER O ÚNICO INSTRUMENTO DE LUTA, CLARO, ALÉM DA OCUPAÇÃO QUE DEU DOR DE CABEÇA E REVELOU O AMAGO DESTES BUROCRATAS OPORTUNISTAS!
Estudantes, nem sempre fazemos parte da HISTÓRIA (dado o nosso PRATICISMO-UTILITÁRIO) e estamos DIANTE DE UMA EXEMPLAR OPORTUNIDADE DE FAZER HISTÓRIA.
ESTUDANTE – façam uma reflexão e busque seu JUIZO DE VALOR!
Precisamos que neste momento DIVISOR DE ÁGUA compareçam o maior número de ESTUDANTES no CAMPUS GUARULHOS-PIMENTAS e a BANDEIRA de luta é clara e contundente:
-POR UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA, GRATUITA, UNIVERSAL E DE QUALIDADE!
-ABAIXO A REPRESSÃO ACADEMICISTA-ESCOLÁSTICA-BUROCRÁTICA-ALPHACÉTICA!
-ABAIXO O ITAQUEIRÃO-CAMBURÃO DA PM E POLÍCIA FEDERAL!
Até a VITÓRIA.
COLETIVO “FILOSOFIA DA PRÁXIS”

09 junho 2012


Nota de esclarecimento.


Após as mais diversas versões apresentadas pela imprensa local, nós estudantes da UNILA e moradores  da residência invadida, apresentamos nossa versão dos fatos.

Repúdio

Manifestamos primeiramente e com veemência nosso repúdio ao abuso policial praticado na noite de domingo, 3 de junho, na moradia "Quebrada do Guevara", onde encontram-se vivendo cerca de sessenta estudantes da Unila, dos quais cerca de vinte e cinco encontravam-se reunidos na área comum da moradia na hora da invasão.

Sob alegação de flagrante ao descumprimento da lei do silêncio, policiais militares invadiram a moradia estudantil. Tal alegação foi imediatamente desmentida pelos vizinhos que disseram nunca ter ouvido um ruído na moradia e que apenas perceberam o ocorrido devido aos disparos efetuados pelos policiais. Essa informação se confirma quando verificado o equipamento de som usado na ocasião do encontro dos estudantes. Tratava-se de duas caixas de som de computador, ligadas num celular, cujo som tocara no interior da moradia.

Diante da resistência de que apenas um representante tivesse que acompanhar um grupo de militares em duas viaturas, os policiais disseram que dariam voz de prisão a quem eles escolhessem. A reação pacífica dos estudantes se deu mediante a exigência de que todos fossem à delegacia para a segurança individual e coletiva do grupo.

Dessa forma estabeleceu-se um impasse e os policiais iniciaram uma agressão indiscriminada. Os estudantes foram espancados. A ausência de policial feminina não impediu que mulheres fossem abordadas, e se não bastasse tal violação, a mesma se deu com excessiva violência. Indefesas, meninas foram arrastadas e golpeadas de cassetete. Num ato de delinqüência de um dos policiais, uma jovem foi chutada várias vezes quando se encontrava deitada cercada por estilhaços de vidro da porta que havia sido estourada. Três disparos foram efetuados, causando pânico entre os estudantes. Muitos ficaram feridos. Oito foram detidos, dentre eles, três brasileiros e cinco estrangeiros.

Relatos

Não bastasse a violência no interior da moradia, os estudantes detidos e feridos, foram ameaçados e intimidados em razão de serem supostamente de esquerda. Um deles foi questionado por estar com uma camiseta do Che Guevara, que na opinião do policial o qualificava de baderneiro.

Outro estudante foi alvo de piada de um policial, que perguntou: e agora, seu namorado vai te tirar daqui? - questionando a opção sexual do estudante. Em ambos os casos eram estrangeiros. Outro, ao se declarar venezuelano sofreu insultos ao ser chamado de ditador. Um equatoriano, ao se declarar estudante de sociologia foi insultado aos gritos pelo policial que berrava: Marxista! Marxista!

Aos estrangeiros, os policiais diziam que seriam enviados embora para seus países e em tom ameaçador diziam que a partir de agora eles estavam conhecendo com quem eles estavam lidando. Seguindo as ameaças, os policiais diziam que se encontrariam a sós com cada um deles.

Uma uruguaia, única mulher detida entre os oito, mesmo já machucada também não foi poupada da violência dentro da delegacia. Tratada à base de empurrões e sendo ameaçada através de gestos que simulavam golpes de socos, ela foi reprimida e em nenhum momento foi abordada por uma policial feminina.


Sobre a violência em Foz

Foz do Iguaçu se destaca como a cidade onde se concentra o maior índice de mortes entre jovens. Em 2009, o índice de morte por homicídio na adolescência era de 9,7 para cada grupo de mil, quase cinco vezes superior ao índice nacional, quando era de 2,03 p/ mil.

Em 2010, o Laboratório de Análise da Violência da UERJ, no Rio, a pedido do governo federal, divulgou lista das cidades com maior número de homicídios envolvendo jovens no Brasil. Novamente, Foz do Iguaçu liderou a lista, com 526 mortes de adolescentes, 11,8 para cada grupo de mil. Esse índice equivale a mais de 3 jovens mortos em relação a segunda colocada, a cidade de Cariacica, no ES, com 8,2 jovens mortos para cada mil.

Embora não haja dados precisos, sabe-se que um percentual significativo dessas mortes atribui-se à disparos de armas de fogo cometidos por policiais militares

O Conselho de Direitos Humanos da ONU sugeriu este mês de maio que a Polícia Militar seja abolida no Brasil. A sugestão faz parte de uma sabatina com 170 recomendações da comunidade internacional acerca da situação dos direitos humanos no país. A idéia foi apresentada pela Dinamarca que acusou a Polícia Militar brasileira de cometer execuções sumárias e violações.

Entre os dias, 20 e 22 de maio deste ano, Foz do Iguaçu sediou o Seminário Estadual da campanha contra a violência e extermínio de jovens. Isso demonstra o esforço da sociedade civil em lidar com este problema, e mais do que isso, revela a vocação de Foz do Iguaçu para o enfrentamento generoso dessa questão que aflige nossa sociedade e especialmente nossos jovens.


Queremos justiça

Diante da violência empreendida na invasão a uma moradia estudantil pertencente à uma instituição federal por policiais militares; dos sucessivos insultos e ameaças em razão de etnia, opção sexual e preferência ideológica; diante da violação dos direitos à proteção da mulher e do direito à defesa por parte de todos os envolvidos; diante da mentira alegada de que houve flagrante de perturbação à ordem pública, pois não havia equipamentos sonoros que ultrapassassem o limite tolerável de decibéis; diante da ausência de delegado, escrivão e advogado de defesa no procedimento na delegacia, cujos depoimentos foram dados sob tortura psicológica e violência física e diante das graves conseqüências geradas em razão de processo jurídico que sofrerão os estudantes envolvidos no caso, exigimos a punição dos policiais envolvidos na invasão e a anulação de todos os atos que constituem este processo que incriminam nossos companheiros.

Declaramos que nossa luta não se encerra com a anulação desses atos. Embora recém chegados, estamos inseridos neste contexto e dispostos a partilhar nossos sonhos com a comunidade de Foz do Iguaçu. A convivência pacífica e generosa entre os povos é a tradição simbólica que qualifica esta cidade como a principal desta fronteira, que unida pela ponte da Amizade e banhada pela beleza das cataratas constitui uma das regiões mais belas e pacíficas do mundo. Estamos aqui porque fazemos parte de um projeto que visa fortalecer os laços que unem estes povos. Somos os primeiros filhos dessas jovens democracias que começam a florescer na América Latina. Nossos pais nasceram antes dessas democracias e nos ensinaram a abominar a ditadura.

O que aconteceu com os estudantes da "Quebrada do Guevara" foi a reedição de cenas vividas nessas ditaduras, e tendo os policiais agido com os mesmos métodos e os mesmos insultos de décadas atrás, reiteramos nosso repúdio à essa ação criminosa praticada por delinqüentes fardados contra estudantes indefesos.

*Assinam esta carta representantes dos residentes da moradia estudantil "Quebrada do Guevara"



REPUDIO

Manifestamos primeramente y con vehemencia nuestro repudio al abuso policial practicado la noche del domingo, 3 de junio, en la residencia estudiantil de la UNILA "Quebrada do Guevara", donde se encuentran viviendo cerca de sesenta estudiantes, de los cuales alrededor de veinte y cinco estaban reunidos en el área común de la residencia a la hora de la invasión.

Alegando una violación de la ley del silencio (distúrbio del sociego), por lo cual, la policia militar invadió la moradia estudiantil. Tal alegación fue inmediatamente desmentida por los mismos vecinos que dijeron nunca haber oído ruido excesivo en la residencia y que percibieron lo ocurrido debido a los disparos efectuados por el cuerpo policial. Esta afirmación se complementa ya que al verificar el equipo de sonido usado en el lugar de hecho, se trataba de dos parlantes de computadora conectados a un celular cuyo sonido no se escuchaba ni en el interior de la residencia.

Ante la resistencia a que solamente fuese llevado un representante de la residencia por el cuerpo policial militar en dos patrullas, los policías dijeron que iban a arrestar a quienes ellos escojan. Esto produjo que dos estudiantes pacíficamente propongan ir todos hasta la comisaria para velar por la seguridad individual y colectiva de todos los estudiantes.

Esa fue la causa por la que los policias iniciaron una agresión indiscriminada. Los estudiantes fueron atacados, la ausencia de personal policial femenino no impidió que las mujeres fueran agredidas con uso de violencia excesiva. Algunas chicas indefensas fueron arrastradas y golpeadas con los bastones. En un acto delictivo y agresivo de los policías, un joven fue pateado varias veces mientras se encontraba caído cerca de los trozos de vidrio de la puerta que había sido derribada. Se efectuaron tres disparos, causando pánico entre los estudiantes y vecinos.

Muchos compañeros y compañeras fueron heridos. Ocho fueron detenidos, de los cuales tres son brasileros y cinco extranjeros.


RELATOS

A los extranjeros, los policias decian que serían enviados a sus respectivos países y alegaron en tono amenazador que a partir de ahora ellos estaban conociendo con quien

estaban lidiando. Siguiendo las amenazas, los policias decian que se encontrarian solos con cada uno de ellos!!

Como si no hubiera sido suficiente la violencia en el interior de la residencia, los estudiantes detenidos fueron golpeados, amenazados e intimidados por supuestamente ser de izquierda. Uno de ellos fue interrogado por llevar puesto una camiseta con la imagen del Che Guevara que a opinión del policía es la imagen de un revoltoso, bandolero.

Otro estudiante fue objeto de burla de un policía, que le dijo: - y ahora , tu enamorado va a venir a sacarte de aqui? , cuestionando su orientación sexual. En ambos casos se trataba de extranjeros. Otro de los compañeros al declarar que era venezolano sufrió insultos y fue gritado, al decir que su presidente es un dictador.

Un ecuatoriano, que respondió cuando le preguntaron acerca de la carrera que estudia, sociólogia, fue insultado por un policía que le gritaba: Marxista¡ Marxista! .

A los extranjeros los amenazaron con deportarlos inmediatamente a sus países, además les decían : -Ahora ya sabes lo que es estar aquí, ya sabes lo que te va tocar acá. Seguido de esto, los policías amenazaron con encontrarse después con ellos.

Una uruguaya, la única mujer detenida, también fue golpeada e intimidada con violencia dentro de la comisaria. Tratada a base de empujones y amenazada varias veces, ella fue reprimida y en ningún momento fue abordada por una policía femenina.


SOBRE LA VIOLENCIA EN FOZ DE IGUAZÚ

Foz do Iguazú se destaca como la ciudad donde se concentra el mayor indice de muertes entre los jovenes. En el 2009, el índice de muertes por homicídio en la etapa de la adolescencia fue de 9,7 por cada mil, podría decirse que cinco veces superior al índice nacional, que era de 2,03 p/ mil.

En 2010, el Laboratório de Análisis de la Violencia de UERJ, en Rio de Janeiro, a pedido del gobierno federal, divulgo la lista de las ciudades con mayor número de homicídios con

respecto a jovenes en brasil. Nuevamente, Foz de Iguaçu lidera la lista, con 526 muertes de adolescentes, 11,8 para cada grupo de mil. Ese índice equivale a mas de 3 jovenes muertos en relacion a la segunda ubicacion, la ciudad de Cariacica, en Espirito Santo, com 8,2 jovens mortos por cada mil.

A pesar de no tener datos precisos, se sabe que un porcentaje significativo de esas muertes son atribuídas a disparos de armas de fuego cometidos por policias militares.

El Consejo de Derechos Humanos de la ONU sugirio en este mes de mayo que la Polícia Militar sea abolida en el Brasil. La sugerencia hace parte de una carta conferida con 170 recomendaciones de la comunidad internacional acerca de la situacion actual de los derechos humanos en todo el Brasil. La idea fue presentada por Dinamarca que acuso a la Polícia Militar brasilera de cometer ejecuciones sumarias y cantidad de violaciones a los derechos humanos.

Entre los dias, 20 y 22 de mayo de este año, Foz do Iguaçu brindo un Seminário Estadual de la campaña contra a violência y extermínio de jovens. Eso demuestra el esfuerzo de la sociedad civil en combatir contra este problema, y mas que eso, revela la vocacion de Foz do Iguaçu para el enfrentamiento generoso de esa cuestion que aflige nuestra sociedad y especialmente a nuestros jovenes.


QUEREMOS JUSTICIA

En contra de la violência emprendida en la invasion a una moradia estudantil perteneciente a una institucion federal por policiais militares; de los sucesivos insultos y amenazas en razon de la etnia, opcion sexual y preferência ideológica; En contra de la violacion de los derechos a la proteccion de la mujer y del derecho a la defensa por parte de todos los envolvidos; En contra de la mentira alegada de que hubo flagrancia de perturbacion al orden público, pues no habia equipos sonoros que ultrapasaran el limite tolerable de decibeles; En contra de la ausência de delegado, escriba y abogado de defensa durante todo el procedimiento em la delegacia, cuyas declaraciones fueran dadas sobre tortura psicológica y violência física y En contra de las graves consecuencias generadas en razon de proceso jurídico que sufrieron los estudiantes envueltos en el caso, exigimos que paguen los policias envueltos em la invasion y la anulacion de todos los actos que constituyen este proceso que incrimina a nuestros compañeros.

Declaramos que nuestra lucha no se encierra con la anulacion de esos actos. A pesar de ser recien llegados, estamos insertados em este contexto y dispuestos a compartir nuestros sueños con la comunidad de Foz do Iguaçu. La convivencia pacífica y generosa entre los pueblos es la tradicion simbólica que cualifica esta ciudad como la principal de esta frontera, que unida por el puente de la Amistad y bañada por la belleza de sus cataratas, constituye una de las regiones mas bellas y pacíficas de el mundo. Estamos aqui porque hacemos parte de un proyeto que vive por fortalecer los lazos de amistad que unen estos pueblos. Somos los primeros hijos de esa joven y nueva democracia que comienza a florecer en América Latina. Este y Nuestros paises renaceran de esas antiguas democracias y nos enseñaran a abolir la dictadura.

Lo que acontecio com los estudiantes de la "Quebrada do Guevara" fue la muestra de escenas vividas en las dictaduras, y teniendo em cuenta que los policias actuaron con los mismos métodos y los mismos insultos de décadas atrás, reiteramos nuestro repúdio a esa accion criminal practicada por delincuentes uniformados contra estudiantes indefensos.

*Firman esta carta todos los estudiantes de los moradores de la "Quebrada do Guevara"