09 junho 2012


Nota de esclarecimento.


Após as mais diversas versões apresentadas pela imprensa local, nós estudantes da UNILA e moradores  da residência invadida, apresentamos nossa versão dos fatos.

Repúdio

Manifestamos primeiramente e com veemência nosso repúdio ao abuso policial praticado na noite de domingo, 3 de junho, na moradia "Quebrada do Guevara", onde encontram-se vivendo cerca de sessenta estudantes da Unila, dos quais cerca de vinte e cinco encontravam-se reunidos na área comum da moradia na hora da invasão.

Sob alegação de flagrante ao descumprimento da lei do silêncio, policiais militares invadiram a moradia estudantil. Tal alegação foi imediatamente desmentida pelos vizinhos que disseram nunca ter ouvido um ruído na moradia e que apenas perceberam o ocorrido devido aos disparos efetuados pelos policiais. Essa informação se confirma quando verificado o equipamento de som usado na ocasião do encontro dos estudantes. Tratava-se de duas caixas de som de computador, ligadas num celular, cujo som tocara no interior da moradia.

Diante da resistência de que apenas um representante tivesse que acompanhar um grupo de militares em duas viaturas, os policiais disseram que dariam voz de prisão a quem eles escolhessem. A reação pacífica dos estudantes se deu mediante a exigência de que todos fossem à delegacia para a segurança individual e coletiva do grupo.

Dessa forma estabeleceu-se um impasse e os policiais iniciaram uma agressão indiscriminada. Os estudantes foram espancados. A ausência de policial feminina não impediu que mulheres fossem abordadas, e se não bastasse tal violação, a mesma se deu com excessiva violência. Indefesas, meninas foram arrastadas e golpeadas de cassetete. Num ato de delinqüência de um dos policiais, uma jovem foi chutada várias vezes quando se encontrava deitada cercada por estilhaços de vidro da porta que havia sido estourada. Três disparos foram efetuados, causando pânico entre os estudantes. Muitos ficaram feridos. Oito foram detidos, dentre eles, três brasileiros e cinco estrangeiros.

Relatos

Não bastasse a violência no interior da moradia, os estudantes detidos e feridos, foram ameaçados e intimidados em razão de serem supostamente de esquerda. Um deles foi questionado por estar com uma camiseta do Che Guevara, que na opinião do policial o qualificava de baderneiro.

Outro estudante foi alvo de piada de um policial, que perguntou: e agora, seu namorado vai te tirar daqui? - questionando a opção sexual do estudante. Em ambos os casos eram estrangeiros. Outro, ao se declarar venezuelano sofreu insultos ao ser chamado de ditador. Um equatoriano, ao se declarar estudante de sociologia foi insultado aos gritos pelo policial que berrava: Marxista! Marxista!

Aos estrangeiros, os policiais diziam que seriam enviados embora para seus países e em tom ameaçador diziam que a partir de agora eles estavam conhecendo com quem eles estavam lidando. Seguindo as ameaças, os policiais diziam que se encontrariam a sós com cada um deles.

Uma uruguaia, única mulher detida entre os oito, mesmo já machucada também não foi poupada da violência dentro da delegacia. Tratada à base de empurrões e sendo ameaçada através de gestos que simulavam golpes de socos, ela foi reprimida e em nenhum momento foi abordada por uma policial feminina.


Sobre a violência em Foz

Foz do Iguaçu se destaca como a cidade onde se concentra o maior índice de mortes entre jovens. Em 2009, o índice de morte por homicídio na adolescência era de 9,7 para cada grupo de mil, quase cinco vezes superior ao índice nacional, quando era de 2,03 p/ mil.

Em 2010, o Laboratório de Análise da Violência da UERJ, no Rio, a pedido do governo federal, divulgou lista das cidades com maior número de homicídios envolvendo jovens no Brasil. Novamente, Foz do Iguaçu liderou a lista, com 526 mortes de adolescentes, 11,8 para cada grupo de mil. Esse índice equivale a mais de 3 jovens mortos em relação a segunda colocada, a cidade de Cariacica, no ES, com 8,2 jovens mortos para cada mil.

Embora não haja dados precisos, sabe-se que um percentual significativo dessas mortes atribui-se à disparos de armas de fogo cometidos por policiais militares

O Conselho de Direitos Humanos da ONU sugeriu este mês de maio que a Polícia Militar seja abolida no Brasil. A sugestão faz parte de uma sabatina com 170 recomendações da comunidade internacional acerca da situação dos direitos humanos no país. A idéia foi apresentada pela Dinamarca que acusou a Polícia Militar brasileira de cometer execuções sumárias e violações.

Entre os dias, 20 e 22 de maio deste ano, Foz do Iguaçu sediou o Seminário Estadual da campanha contra a violência e extermínio de jovens. Isso demonstra o esforço da sociedade civil em lidar com este problema, e mais do que isso, revela a vocação de Foz do Iguaçu para o enfrentamento generoso dessa questão que aflige nossa sociedade e especialmente nossos jovens.


Queremos justiça

Diante da violência empreendida na invasão a uma moradia estudantil pertencente à uma instituição federal por policiais militares; dos sucessivos insultos e ameaças em razão de etnia, opção sexual e preferência ideológica; diante da violação dos direitos à proteção da mulher e do direito à defesa por parte de todos os envolvidos; diante da mentira alegada de que houve flagrante de perturbação à ordem pública, pois não havia equipamentos sonoros que ultrapassassem o limite tolerável de decibéis; diante da ausência de delegado, escrivão e advogado de defesa no procedimento na delegacia, cujos depoimentos foram dados sob tortura psicológica e violência física e diante das graves conseqüências geradas em razão de processo jurídico que sofrerão os estudantes envolvidos no caso, exigimos a punição dos policiais envolvidos na invasão e a anulação de todos os atos que constituem este processo que incriminam nossos companheiros.

Declaramos que nossa luta não se encerra com a anulação desses atos. Embora recém chegados, estamos inseridos neste contexto e dispostos a partilhar nossos sonhos com a comunidade de Foz do Iguaçu. A convivência pacífica e generosa entre os povos é a tradição simbólica que qualifica esta cidade como a principal desta fronteira, que unida pela ponte da Amizade e banhada pela beleza das cataratas constitui uma das regiões mais belas e pacíficas do mundo. Estamos aqui porque fazemos parte de um projeto que visa fortalecer os laços que unem estes povos. Somos os primeiros filhos dessas jovens democracias que começam a florescer na América Latina. Nossos pais nasceram antes dessas democracias e nos ensinaram a abominar a ditadura.

O que aconteceu com os estudantes da "Quebrada do Guevara" foi a reedição de cenas vividas nessas ditaduras, e tendo os policiais agido com os mesmos métodos e os mesmos insultos de décadas atrás, reiteramos nosso repúdio à essa ação criminosa praticada por delinqüentes fardados contra estudantes indefesos.

*Assinam esta carta representantes dos residentes da moradia estudantil "Quebrada do Guevara"



REPUDIO

Manifestamos primeramente y con vehemencia nuestro repudio al abuso policial practicado la noche del domingo, 3 de junio, en la residencia estudiantil de la UNILA "Quebrada do Guevara", donde se encuentran viviendo cerca de sesenta estudiantes, de los cuales alrededor de veinte y cinco estaban reunidos en el área común de la residencia a la hora de la invasión.

Alegando una violación de la ley del silencio (distúrbio del sociego), por lo cual, la policia militar invadió la moradia estudiantil. Tal alegación fue inmediatamente desmentida por los mismos vecinos que dijeron nunca haber oído ruido excesivo en la residencia y que percibieron lo ocurrido debido a los disparos efectuados por el cuerpo policial. Esta afirmación se complementa ya que al verificar el equipo de sonido usado en el lugar de hecho, se trataba de dos parlantes de computadora conectados a un celular cuyo sonido no se escuchaba ni en el interior de la residencia.

Ante la resistencia a que solamente fuese llevado un representante de la residencia por el cuerpo policial militar en dos patrullas, los policías dijeron que iban a arrestar a quienes ellos escojan. Esto produjo que dos estudiantes pacíficamente propongan ir todos hasta la comisaria para velar por la seguridad individual y colectiva de todos los estudiantes.

Esa fue la causa por la que los policias iniciaron una agresión indiscriminada. Los estudiantes fueron atacados, la ausencia de personal policial femenino no impidió que las mujeres fueran agredidas con uso de violencia excesiva. Algunas chicas indefensas fueron arrastradas y golpeadas con los bastones. En un acto delictivo y agresivo de los policías, un joven fue pateado varias veces mientras se encontraba caído cerca de los trozos de vidrio de la puerta que había sido derribada. Se efectuaron tres disparos, causando pánico entre los estudiantes y vecinos.

Muchos compañeros y compañeras fueron heridos. Ocho fueron detenidos, de los cuales tres son brasileros y cinco extranjeros.


RELATOS

A los extranjeros, los policias decian que serían enviados a sus respectivos países y alegaron en tono amenazador que a partir de ahora ellos estaban conociendo con quien

estaban lidiando. Siguiendo las amenazas, los policias decian que se encontrarian solos con cada uno de ellos!!

Como si no hubiera sido suficiente la violencia en el interior de la residencia, los estudiantes detenidos fueron golpeados, amenazados e intimidados por supuestamente ser de izquierda. Uno de ellos fue interrogado por llevar puesto una camiseta con la imagen del Che Guevara que a opinión del policía es la imagen de un revoltoso, bandolero.

Otro estudiante fue objeto de burla de un policía, que le dijo: - y ahora , tu enamorado va a venir a sacarte de aqui? , cuestionando su orientación sexual. En ambos casos se trataba de extranjeros. Otro de los compañeros al declarar que era venezolano sufrió insultos y fue gritado, al decir que su presidente es un dictador.

Un ecuatoriano, que respondió cuando le preguntaron acerca de la carrera que estudia, sociólogia, fue insultado por un policía que le gritaba: Marxista¡ Marxista! .

A los extranjeros los amenazaron con deportarlos inmediatamente a sus países, además les decían : -Ahora ya sabes lo que es estar aquí, ya sabes lo que te va tocar acá. Seguido de esto, los policías amenazaron con encontrarse después con ellos.

Una uruguaya, la única mujer detenida, también fue golpeada e intimidada con violencia dentro de la comisaria. Tratada a base de empujones y amenazada varias veces, ella fue reprimida y en ningún momento fue abordada por una policía femenina.


SOBRE LA VIOLENCIA EN FOZ DE IGUAZÚ

Foz do Iguazú se destaca como la ciudad donde se concentra el mayor indice de muertes entre los jovenes. En el 2009, el índice de muertes por homicídio en la etapa de la adolescencia fue de 9,7 por cada mil, podría decirse que cinco veces superior al índice nacional, que era de 2,03 p/ mil.

En 2010, el Laboratório de Análisis de la Violencia de UERJ, en Rio de Janeiro, a pedido del gobierno federal, divulgo la lista de las ciudades con mayor número de homicídios con

respecto a jovenes en brasil. Nuevamente, Foz de Iguaçu lidera la lista, con 526 muertes de adolescentes, 11,8 para cada grupo de mil. Ese índice equivale a mas de 3 jovenes muertos en relacion a la segunda ubicacion, la ciudad de Cariacica, en Espirito Santo, com 8,2 jovens mortos por cada mil.

A pesar de no tener datos precisos, se sabe que un porcentaje significativo de esas muertes son atribuídas a disparos de armas de fuego cometidos por policias militares.

El Consejo de Derechos Humanos de la ONU sugirio en este mes de mayo que la Polícia Militar sea abolida en el Brasil. La sugerencia hace parte de una carta conferida con 170 recomendaciones de la comunidad internacional acerca de la situacion actual de los derechos humanos en todo el Brasil. La idea fue presentada por Dinamarca que acuso a la Polícia Militar brasilera de cometer ejecuciones sumarias y cantidad de violaciones a los derechos humanos.

Entre los dias, 20 y 22 de mayo de este año, Foz do Iguaçu brindo un Seminário Estadual de la campaña contra a violência y extermínio de jovens. Eso demuestra el esfuerzo de la sociedad civil en combatir contra este problema, y mas que eso, revela la vocacion de Foz do Iguaçu para el enfrentamiento generoso de esa cuestion que aflige nuestra sociedad y especialmente a nuestros jovenes.


QUEREMOS JUSTICIA

En contra de la violência emprendida en la invasion a una moradia estudantil perteneciente a una institucion federal por policiais militares; de los sucesivos insultos y amenazas en razon de la etnia, opcion sexual y preferência ideológica; En contra de la violacion de los derechos a la proteccion de la mujer y del derecho a la defensa por parte de todos los envolvidos; En contra de la mentira alegada de que hubo flagrancia de perturbacion al orden público, pues no habia equipos sonoros que ultrapasaran el limite tolerable de decibeles; En contra de la ausência de delegado, escriba y abogado de defensa durante todo el procedimiento em la delegacia, cuyas declaraciones fueran dadas sobre tortura psicológica y violência física y En contra de las graves consecuencias generadas en razon de proceso jurídico que sufrieron los estudiantes envueltos en el caso, exigimos que paguen los policias envueltos em la invasion y la anulacion de todos los actos que constituyen este proceso que incrimina a nuestros compañeros.

Declaramos que nuestra lucha no se encierra con la anulacion de esos actos. A pesar de ser recien llegados, estamos insertados em este contexto y dispuestos a compartir nuestros sueños con la comunidad de Foz do Iguaçu. La convivencia pacífica y generosa entre los pueblos es la tradicion simbólica que cualifica esta ciudad como la principal de esta frontera, que unida por el puente de la Amistad y bañada por la belleza de sus cataratas, constituye una de las regiones mas bellas y pacíficas de el mundo. Estamos aqui porque hacemos parte de un proyeto que vive por fortalecer los lazos de amistad que unen estos pueblos. Somos los primeros hijos de esa joven y nueva democracia que comienza a florecer en América Latina. Este y Nuestros paises renaceran de esas antiguas democracias y nos enseñaran a abolir la dictadura.

Lo que acontecio com los estudiantes de la "Quebrada do Guevara" fue la muestra de escenas vividas en las dictaduras, y teniendo em cuenta que los policias actuaron con los mismos métodos y los mismos insultos de décadas atrás, reiteramos nuestro repúdio a esa accion criminal practicada por delincuentes uniformados contra estudiantes indefensos.

*Firman esta carta todos los estudiantes de los moradores de la "Quebrada do Guevara"

Nenhum comentário:

Postar um comentário